Médicos se desdobram em até 4 empregos
Jornal O Popular, 12/11/2007
Médicos se desdobram em até 4 empregos
O curso de Medicina, o mais concorrido da Universidade Federal de Goiás (UFG), forma profissionais que não encontram dificuldade de inserção no mercado. A carreira de médico, no entanto, embora historicamente desperte o interesse de uma parcela considerável dos jovens no vestibular (a concorrência, na última seleção da UFG, foi de 34,41 candidatos por vaga), há muito deixou de ser sinônimo de altos rendimentos. A melhoria salarial tem sido uma das principais bandeiras das entidades representativas da categoria.
Pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que traçou o perfil dos médicos no Brasil, mostra que 20,8% dos profissionais de Goiás têm quatro vínculos de trabalho, acima da média nacional. Ainda conforme o levantamento, 41% dos médicos goianos recebem entre R$ 4 mil e R$ 6 mil por mês. “O quadro é ruim para o médico”, afirma o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), o oftalmologista Leonardo Reis. “Em dez anos dobrou o número de escolas médicas no Brasil.”
O quadro atual preocupa o estudante Leonardo Ribeiro Soares, de 19 anos, mas não a ponto de fazê-lo desistir de ser médico. Leonardo foi aprovado para Medicina na UFG e está no primeiro ano de graduação. Realiza, segundo ele, um sonho antigo. “Eu pensava que, se não conseguisse fazer Medicina, não queria fazer mais nada”, lembra o jovem, aprovado no primeiro vestibular.
O estudante, no entanto, é realista e crítico à política de abertura de novos cursos de Medicina no País. “Se essa tendência persistir, as condições de trabalho serão cada vez piores”, argumenta.
O presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremego), Salomão Rodrigues, ressalta que a situação de Goiás é privilegiada em relação ao que acontece no restante do País. “Somos como uma ilha. Até há pouco tempo, apenas uma instituição formava 110 médicos por ano, desde a década de 70. Agora, temos duas faculdades e a qualidade do ensino é muito boa”, observa. “Porém, só no Tocantins são quatro instituições. E muitos vão para lá fazer faculdade”, diz.