Sociedade quer manter Fapeg
Jornal Diário da Manhã, 15/11/2007
Sociedade quer manter Fapeg
Rodrigo Viana
rodrigoviana@dm.com.br
da editoria de economia
O anúncio da extinção da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg), que será transformada em superintendência da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectec), levou representantes de entidades ligadas ao setor temerem o futuro do desenvolvimento científico goiano. De acordo com Ivan da Glória Teixeira, do Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), o Estado deixaria de receber R$ 7 milhões para financiamento em pesquisa conquistados pela própria Fapeg. Na próxima semana, está prevista uma reunião do secretário estadual da Fazenda, Jorcelino Braga, com representantes da indústria, agricultura, universidades e centros de pesquisa.
O Conselho pondera que a extinção da Fapeg não contribuirá à diminuição de despesas. “A Fapeg conta com 12 funcionários efetivos e nenhum comissionado. Se for extinta, estes trabalhadores continuarão na folha de pagamento do Estado.” Para Ivan, é possível aumentar a arrecadação no Estado investindo em inovação. “Tecnologia aumenta a produtividade, possibilitando preços mais competitivos e, conseqüentemente, aumento das vendas e de arrecadação.” “Se a Fapeg ficar vinculada à Secretaria de Tecnologia, toda liberação de recurso para inovação ou bolsas de pesquisas dependerá de prévia aprovação da Assembléia Legislativa.”
fomento – “Goiás ainda não alcançou o nível de consciência desejado sobre a importância do investimento científico e tecnológico e ainda não incorporou a ciência às suas tradições”, foi a constatação do presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiás (Adufg), Carlos Alberto Tanezini, e do secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC-GO), Reginaldo Nassar Ferreira. “Se confirmado o fim da Fapeg, nosso Estado permanecerá como o único do País sem uma entidade local de fomento.
Ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia, o deputado federal Luiz Bittencourt (PMDB) considera equivocada a extinção da Fapeg na reforma anunciada pelo governo Alcides Rodrigues. “Goiás não pode abrir mão de instrumentos que promovam o desenvolvimento científico e tecnológico”, diz. A proposta de criação da Fapeg é de autoria de Bittencourt, primeiro ocupante da Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Engrossa o coro o professor do Instituto de Física da UFG, Andris Bazukis. “É inadmissível que o povo goiano, em particular, as elites intelectual, econômica e política goianas aceitem esse ato”, salienta. Um fato histórico semelhante é lembrado pelo diretor da escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG, Juarez Patrício de Oliveira Jr. “Fomos surpreendidos com a extinção da Emgopa e achávamos que nossos governantes tinham aprendido a lição”, relembra.
O auditor fiscal dos tributos estaduais, Roni de Souza, um dos responsáveis pela implementação das medidas da reforma administrativa, assegura que as atividades da Fapeg serão mantidas apesar de sua transformação em superintendência.