Fapeg deve ser mantida
Jornal Diário da Manhã, 17/11/2007
Fapeg deve ser mantida
da redação
Tão logo o governador Alcides Rodrigues anunciou o pacote de mudanças previstas na reforma administrativa, o deputado estadual Thiago Peixoto (PMDB) veio a público cobrar do Executivo a autonomia da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeg). Na primeira sessão ordinária após o anúncio da reforma, o peemedebista foi à tribuna para convocar os demais deputados a se mobilizarem em defesa da Fapeg. Também teve a oportunidade de abordar o tema em uma reunião com educadores realizada na Assembléia. Agora, prepara audiência pública para a próxima quinta-feira, 22, quando pretende reunir políticos, setor empresarial e universidades para sensibilizar o governo a rever esta decisão. “A extinção da Fapeg é um retrocesso”, afirma.
Diário da Manhã – O senhor sempre cobrou do governo do Estado a reforma administrativa. Por que protestar agora contra o fato da Fapeg ficar vinculada à Sectec?
Thiago Peixoto – É verdade. Sempre cobrei e reafirmo: a reforma era urgente. Só precisa agora sair do papel e ser implantada de fato. Mas há tempo para o governo rever a decisão e não acabar com a Fapeg. A fundação se enfraquece ao perder sua autonomia em todos os sentidos: científico, financeiro e político. E se há enfraquecimento, quem perde é a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento tecnológico e competitivo do Estado. É um retrocesso, sem sombra de dúvida. Goiás foi o penúltimo Estado a criar sua fundação de amparo à pesquisa. Já começamos atrasados e, agora, isso?
DM – Mas o governo garante, em matéria publicada no DM do dia 14 último, que as pesquisas e os projetos não sofrerão prejuízos pelo fato da Fapeg se tornar superintendência.
Thiago – Estes prejuízos serão inevitáveis. Ao perder o caráter de fundação e virar superintendência, ela sofrerá forte influência política. Fica, por exemplo, à mercê da vontade do governo para, se for preciso, usá-la para abrigar apadrinhados políticos.
DM – O senhor tem citado, em seus discursos, exemplos de fundações semelhantes à Fapeg que têm conseguido êxito. Quais seriam estas fundações? Por que a Fapeg não tem desempenho semelhante?
Thiago – Olha, a Fapesp, em São Paulo, tem orçamento de R$ 800 milhões por ano, investidos exclusivamente em pesquisa e tecnologia. Existe há 45 anos. Tenho comparado a Fapeg aos programas de incentivos fiscais, como o Fomentar, que tornou-se o Produzir. A Fapeg seria um indutor da economia, digamos assim. Imagine se uma pesquisa patrocinada pela Fapeg gere uma patente de sucesso? Sinônimo de receita e riqueza para o Estado e, sem exagero, comparável a uma grande indústria instalada em solo goiano.
DM – Mas, na prática, o que o senhor pode fazer de concreto em prol da Fapeg?
Thiago – Primeiro, alertar o governo para que respeite a autonomia da fundação. Isso eu não cansarei de repetir. Aliás, o meu apelo para que a Fapeg não seja extinta vem acompanhada de importante observação: por que não extinguir estas secretarias extraordinárias que o próprio governo reconhece que só servem para negociações políticas? Vamos realizar nesta quinta-feira, às 14 horas, uma audiência pública na Assembléia. Convidamos políticos, educadores, classe empresarial e universidades para que juntos façamos grande mobilização a fim de sensibilizar o governo a voltar atrás e não acabar com a Fapeg. Fieg e UFG demonstraram a mesma preocupação.
DM – O senhor é um parlamentar de oposição. Isso não seria um entrave para que o governo recuasse quanto à decisão de vincular a Fapeg à Sectec?
Thiago – O problema em si não é o erro. Seria muita pequenez do Executivo lidar com uma questão tão importante sob a ótica política. Ora, se estamos preocupados justamente com a autonomia da fundação goiana, não é coerente tratar deste assunto considerando que Fulano é base aliada, Beltrano é oposição. Não se trata de uma questão de governo, mas de Estado. É o futuro de Goiás que está em jogo.