Expressão da cultura goiana

Jornal Diário da Manhã, 25/11/2007

Expressão da cultura goiana

Alysson Assunção
alyssonassuncao@dm.com.br
DA Editoria do DMRevista

Falar de história é aguçar a curiosidade. Como andar em Goiânia 40 anos atrás? Quem, quando vê o trânsito tumultuado da cidade, pensa em como era a Capital há 40 ou 50 anos? Ou ainda, como era viver na antiga Vila Boa? E o ensino, e as primeiras escolas? Como era ser universitário numa época em que só existia a Faculdade de Direito, que nem era vinculada à UFG? Essas e outras perguntas têm respostas no livro Crônicas de ontem e de hoje, do escritor Joaquim Graciano de Barros Abreu.
A obra, publicada pela Alfa Editora, foi lançada na noite da última quinta-feira, 22, no espaço cultural da Fundação Jaime Câmara. Nela, o escritor, auditor aposentado do Tribunal de Contas do Estado, mostra que conhece como poucos as tradições do nosso povo. “Sinto-me na obrigação de contar essas histórias para os mais jovens”, explica. Ele manifesta em especial seu gosto por pequenos detalhes e tradições que incitam a goianidade, sentimento típico de quem nasceu ou mora há muito tempo aqui. “Mas não sou um escritor, sou um contador de caso”, brinca.

comedor de pequi
Tendo publicado anteriormente duas obras jurídicas, sua estréia literária ocorreu em 2002, com a obra Crônicas de Minha Terra – Casos, História, Cotidiano. Em Crônicas de Ontem e de Hoje, o autor, que gosta de ser identificado como “comedor de pequi” e “bebedor de leite no curral”, traz histórias leves e curtas, muitas vezes utilizando-se de situações engraçadas para atrair a atenção do leitor. É o caso das histórias A Praga do Padre Perestello, A Prisão do Defunto e Governador Proíbe Soltar Foguetes.
Joaquim Graciano encontra temáticas para seus textos em fatos históricos e curiosos do cotidiano. Com um jeito despretensioso, entre o “caso” e a crônica jornalística, ele caminha entre detalhes históricos, como a primeira biblioteca do Estado, a alforria dos escravos e a moda feminina na antiga Vila Boa. “Eu provo que o primeiro núcleo populacional goiano não foi o Arraial de Santana, mas sim a Barra, hoje chamada de Buenolândia”, afirma. Segundo Joaquim Graciano, a obra é fruto de trabalho de pesquisa. “Tenho em minha biblioteca muitos livros antigos, de autores que contaram o início da nossa história. Tudo sobre o que escrevo aconteceu de verdade. Não tem chute não”, ressalta.
O subtítulo Histórias Que Não Foram Contadas não poderia ser mais adequado. O leitor fica sabendo de fatos vividos ou presenciados pelo próprio autor ao longo dos últimos 60 anos. “Senti que precisava falar sobre a minha vida, que tem a ver com a história de Goiânia e de Goiás.”