Corpo como esfera da arte
Jornal Diário da Manhã, 28/11/2007
Corpo como esfera da arte
Márcia Fabiana
marciafabiana@dm.com.br
DA EDITORIA DO DMREVISTA
O grupo de artes plásticas Empreza lança hoje, às 20 horas, na Galeria Frei Confaloni, o livro Como Você. Com o título polissêmico (que pode ser no sentido antropofágico, de equivalência, ou mesmo decifra-me ou te devoro), a obra registra trabalhos do grupo entre os anos de 2001 a 2006. Na ocasião, será inaugurada a exposição homônima de gravuras, objetos, vídeos e performances. Na mesma noite o grupo apresenta algumas de suas obras que estão registradas no livro.
O Grupo Empreza de artistas plásticos surgiu em Goiânia em 2001, formado por professores e alunos da Faculdade de Artes Visuais da UFG. Desde então, os sete membros produzem obras ligadas à linguagem performática, vivências entre artistas, interferências urbanas (tudo que é realizado em áreas públicas e provoca uma situação anormal fora de local fechado), vídeo-arte etc. Segundo o artista Paulo Veiga Jordão, o grupo tem a intenção de investigar a performance e outras linguagens contemporâneas.
A essência da produção do grupo está no hibridismo de idéias, que é a junção de várias possibilidades de linguagens, canais diferentes de se expressar, como a vivência coletiva, intervenções, videoperformance e vídeo-instalação. O principal eixo poético do grupo é o próprio corpo e seus desdobramentos, a partir de um reconhecimento de diversas situações humanas, coletivas e individuais, contemporâneas.
A maioria das ações opera com questões como corpo individual e corpo coletivo, corpo privado e corpo público, corpo natural e corpo cultural, corpos centrais e corpos periféricos, e de como, sendo nosso corpo a nossa âncora existencial, ele se situa e se comporta nos substratos da realidade.
Como Você registra em suas 126 páginas cerca de 50 trabalhos realizados pelo grupo. Com 120 fotos coloridas, o livro bilíngüe, lançado pela editora Voodoo e com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, conta trajetória do Empreza, que há cinco anos realiza performances nas principais capitais brasileiras, como, por exemplo, o 29º Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em 2005, na Exposição do Brasil na França, em Paris, em 2006, e na Holanda.
Para o artista plástico Fernando Peixoto, o livro torna-se importante, porque o contato com as obras em grande parte é efêmero, pois acontece no momento da ação, de intervenções e outras mídias contemporâneas que só deixam registros. “Assim, é por meio do contato com as fotografias e os registros audiovisuais reunidos no Como Você que as obras do Empreza se tornarão mais acessíveis e históricas, podendo ser divulgadas em Goiânia, contribuindo, inclusive, para a arte atual local e nacional”, explica.