Agência desenvolve pequi sem espinhos
Jornal Diário da Manhã, 28/11/2007
Agência desenvolve pequi sem espinhos
Roberta Luiza
Especial para o DM
Que tal escolher um pequi entre quatro opções: comum, anão, gigante ou a grande novidade, o pequi sem espinhos? Isso mesmo. Está próximo do fim o perigo de comer um dos mais valiosos frutos do Cerrado e terminar a refeição com a língua espetada.
Pesquisadora da Agenciarural do Estado de Goiás, Elainy Botelho Carvalho Pereira estuda, desde 2002, o pequi sem espinhos. São dois genótipos (tipos de genes) do fruto. As duas espécies foram encontradas no Mato Grosso, um na cidade de Camarana e outro em Cocalinho, município que fica às margens do Rio Araguaia.
Elainy afirma que os pequis, sem os desagradáveis espinhos, estão em fase de multiplicação para que sejam feitos testes e, posteriormente, para que a fruta seja disponilizada para produtores e enfim comercializada. A expectativa de Elainy é que, até o fim do próximo ano, mil mudas sejam produzidas, mas a distribuição ainda precisará de um tempo maior.
Produtores encontraram as plantas em suas propriedades rurais e, em um dos casos, a árvore foi derrubada e a terra desmatada para o plantio de soja. Mas as sementes ainda puderam ser salvas pela pesquisadora. “O desmatamento causa a ‘erosão genética’ e o pesquisador não tem tempo hábil para as descobertas e estudos”, completa Elainy.
As árvores do pequi “inofensivo” não estão mais na natureza. Apenas em laboratório. No fim do ano passado, a espécie clonada pela pesquisadora produziu frutos e, para a alegria dela, totalmente sem os espinhos.
De acordo com a estudiosa, a nova espécie tem mais poupa, é maior e possui a cor alaranjada. A árvore tem uma folha também maior que a do pequizeiro comum, embora o formato seja o mesmo.
O chef de cozinha Fabiano Eduardo, assim como outros profissionais do meio, ainda desconhece o tal pequi sem espinhos, mas se interessou pela descoberta e já pensa em novos pratos desenvolvidos com a utilização da fruta, que tem o sabor um pouco mais adocicado.
SAÚDE
A nutricionista Tânia Aparecida Pinto de Castro Ferreira, professora doutora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG), conta que o pequi é rico em carotenóides, substâncias antioxidantes que ajudam na prevenção do envelhecimento.
O único prejuízo com a descoberta do pequi sem espinhos será para os engraçadinhos de plantão, que não mais poderão enganar turistas aconselhando a mordida. O fruto poderá ser apreciado sem os espinhos.