O desafio de selecionar de forma justa

Jornal O Popular, 09/12/2007

O desafio de selecionar de forma justa

A Universidade Federal de Goiás realizou em novembro a primeira fase do seu Processo Seletivo 2008, visando preencher as vagas para os cursos de graduação. Conforme previsto, procurou-se conferir a pelo menos 10% das 90 questões da prova objetiva um caráter interdisciplinar, buscando superar gradativamente a tradicional visão fragmentada e disciplinar de abordagem dos conhecimentos sistematizados.

Sandramara Matias Chaves

O objetivo principal da UFG ao optar por essa característica da avaliação é promover o desenvolvimento e o uso, por parte dos estudantes, de habilidades cognitivas que vão além da memorização e reprodução de conhecimentos de maneira estática e desarticulada. Essa configuração da prova vai ao encontro do perfil e das habilidades gerais esperadas do egresso do ensino médio para ingressar na UFG e é coerente com os princípios e objetivos definidos nas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, que pautam os currículos e as atividades desenvolvidas nesse nível de ensino no Brasil.

Com a finalidade de discutir o Processo Seletivo, encaminhar mudanças, bem como de reformular os programas das provas, o Centro de Seleção da Pró-Reitoria de Graduação da UFG promoveu seminários com a participação de professores das diferentes áreas de conhecimento da UFG, da Superintendência do Ensino Médio da rede pública e, também, de professores da rede privada. Essa articulação com o ensino médio possibilitou que os programas refletissem as discussões e propostas apresentadas e, conseqüentemente, o cotidiano das atividades ali desenvolvidas.

Uma outra forma de aproximação com tal realidade foi o Curso Corrigindo Redações na UFG, que também contou com uma participação intensa de professores da área de língua portuguesa dos três segmentos mencionados.

Embora a mudança no teor das provas tenha sido pequena, lidar com uma avaliação que exija uma compreensão mais abrangente, contextualizada e articulada dos conteúdos requer não só o conhecimento específico, mas o uso de habilidades como análise, compreensão, síntese, crítica, comparação, em um determinado contexto, o que, ao invés de distanciar-se do cotidiano do ensino médio, nos aproxima dele, ao atender os objetivos e princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais e as demandas postas pelo atual contexto social, cultural, econômico, político e tecnológico.

O propósito é o de que as provas do Processo Seletivo da UFG reflitam cada vez mais uma abordagem integrada, interdisciplinar e contextualizada dos conteúdos, de forma a aperfeiçoar o processo de avaliação, mesmo considerando o fato de ser uma avaliação massiva, com características, objetivos e especificidades bem definidos.

É sabido que avaliar envolve diferentes concepções e formas de abordar o conteúdo, e toda análise de um instrumento de avaliação refletirá as concepções, os objetivos, o olhar e o lugar de quem o faz. Fatores como a seleção e a forma de abordar os conteúdos, o grau de dificuldade, a relação com o cotidiano do ensino médio, comumente, gerarão controvérsias e análises variadas e divergentes.

Dessa forma, diante do desafio de selecionar de maneira justa, ética, com qualidade acadêmica e responsabilidade social os seus alunos, a UFG busca, incessantemente, por meio de diferentes ações e do trabalho com bancas elaboradoras da mais alta qualidade, conferir ao Processo Seletivo essas características, dando respostas à sociedade que a mantém. O trabalho que vem sendo realizado possibilitou à UFG consolidar-se nesses 47 anos como uma referência não só no que diz respeito ao Processo Seletivo, como também no ensino, na pesquisa e na extensão.

Sandramara Matias Chaves é pró-reitora de Graduação da Universidade Federal de Goiás