A arte e a ciência como ferramentas na evolução do homem

Jornal Diário da Manhã, 12/12/2007

A arte e a ciência como ferramentas na evolução do homem

Impossível, nos dias atuais, analisar o comportamento humano sem se lançar mão do conhecimento de todas as ciências e das inúmeras influências pelas quais se submete o homem moderno. Entender o ser humano como parte da natureza passa a ser apenas um dos aspectos a ser estudado quando se tenta compreender seus diferentes comportamentos, as profundas transformações sociais, os avanços tecnológicos, o aparecimento de novas atividades econômicas. A história nos fornece dados convincentes, a filosofia cria linhas de pensamentos, a sociologia identifica as influências e, cada vez mais, o homem descobre a si mesmo na imensidão do universo e se questiona sobre a sua existência. Diante do progresso, percebe-se como uma força criadora capaz de influir nos destinos da humanidade, descobrindo, conquistando e transformando.
O Humanismo foi, talvez, um movimento cultural que esteve a par do estudo e da imitação dos clássicos. Fez do homem o objeto do conhecimento e passou a difundir a idéia de que os valores e direitos de cada indivíduo deveria se sobrepor às ordens sociais. Nesse contexto de valorização do saber é que se fortalecem as manifestações artísticas.
Em novos passeios pela história, seja pela literatura, pelas artes plásticas, pela filosofia, pode-se observar como as correntes vêm e vão e até são esquecidas, sobrepostas, questionadas, deixando o ser humano sempre à mercê da eterna busca da verdade. O Humanismo ainda está na moda. Questões de importância fundamental foram levantadas para a atualidade e para o futuro, que não se poderá dizer que o problema do homem só começará a ter significação depois do desaparecimento da economia capitalista.
As artes e a cultura, vistas como manifestações espontâneas de uma comunidade esbarram-se na organização política, a fim de que possam se inserir economicamente. Assim sendo, falar sobre política cultural é, no mínimo, um assunto polêmico, pois as duas palavras são, por natureza, antagônicas. No entanto, a necessidade de se situar é indispensável nos tempos modernos e não há nada que o homem deseje tanto como uma vida heróica, um sentimento que contrapõe o egoísmo típico do capitalismo à qualidade espiritual. Propor ao homem somente o humano é trair e desejar sua infelicidade. Encontrar o equilíbrio ao que parece ambíguo depende da concepção que se faz do homem.
A arte é uma criação humana de valores estéticos que sintetiza as emoções. Valorizada em outros tempos pela sua erudição, hoje se projeta em harmonia com as chamadas artes populares, mostrando que tanto uma como outra, trocam técnica, conhecimento e linguagem. O homem inventou ferramentas para facilitar a sobrevivência e a arte para alimentar o espírito, divulgar o que e como pensa, para se distrair, senão o mundo seria muito duro e chato.
Para formular uma boa teoria do homem, para dizer que as idéias são fecundas, é necessário se basear em algo sério. Não valem os palpites. As idéias podem ser geniais ou não, e o mundo, assim como o poder público, não pode fundamentar suas ações em cima de palpites.
Na vida ética é possível se deixar levar por idéias superficiais ou por opiniões de pessoas que têm a possibilidade de falar diante de um microfone ou aparecer na televisão ou até mesmo escrever para um número razoável de pessoas, sem a preocupação de que, ao emitir um juízo, possa desorientar o público. Dizer o que se quer pode ser uma indevida intromissão.O ser humano tem a liberdade para falar, mas essa é uma liberdade interior, que interessa ao próprio ser e que se pode causar o mal a outros, o mal que se causa a si mesmo é muito maior.
Uma boa estratégia é recorrer à pesquisa científica, à pesquisa ética, à pesquisa antropológica, à pesquisa da teoria da criatividade, porque a pesquisa não é propriedade somente de uma pessoa ou de um país. Há intercâmbio em todo o mundo, há métodos rigorosos. Há um consenso em todo o mundo para se dizer que o ser humano é um ser de encontro. Vive-se como pessoa, desenvolve-se, aperfeiçoa-se, criando encontros.

Kleber Adorno é advogado, escritor, doutorando em Meio Ambiente pela UFG, secretário municipal da Cultura e pró-reitor de Comunicação e Cultura da Unigoiás