Jornal Diário da Manhã, 11/12/2007

Banquete de música e livros

Márcia Fabiana
marciafabiana@dm.com.br
DA EDITORIA DO DMREVISTA

Boa música e literatura para quem quiser ouvir e ler. Este é o cardápio cultural que a Agência Goiana de Cultura (Agepel) lança hoje no Palácio das Esmeraldas, a partir das 20h. São três CDs da musicista Belkiss Spenzieri e mais quatro títulos literários nos gêneros ficção, textos críticos e reedições. Cada título editado tem tiragem de 1.000 exemplares, dos quais 10% são entregues à família do autor e os demais doados a bibliotecas.
Belkiss Spenzieri, considerada a maior pianista de Goiás e craidora da Escola de Música da UFG, é rememorada em uma coleção que tem como objetivo divulgar a música goiana. Intitulada O Piano de Camargo Guarnieri, a coletânea de três CDs integra a Coleção Tonico do Padre. O trabalho marca em 2007 os 100 anos de nascimento de Camargo Guarnieri, um dos maiores compositores do País. Guarnieri compôs boa parte do repertório durante suas freqüentes estadas em Goiânia. Entre 1961 e 1977, assumiu o posto de professor da Escola de Música da UFG, a convite da então diretora e pianista Belkiss Spenzieri. Muitas das canções de Guarnieri são dedicadas às suas colegas de Magistério
As peças foram gravadas por Belkiss, que, durante 40 anos, conviveu com o universo musical de Camargo Guarnieri. O repertório dos três CDs evidencia a integralidade das obras gravadas pela pianista goiana. As gravações foram realizadas em diferentes momentos. As mais antigas datam de 1971, e as recentes foram gravadas em 2003, depois da morte do compositor.

LEITURA
O Cometa (Carlos Fernando Filgueiras de Magalhães), Constelações e Porcos para o Comendador (J. Humberto Henrique), Altamiro (Rosarita Fleury) e Aruanã (Eduardo Guedes de Amorim) integram as coleções temáticas de publicações, J.J. Veiga e Agepel. Uma análise ao mundo do tablado está em O Cometa (Coleção J.J. Veiga), edição crítica de Carlos Fernando Filgueiras sobre uma das primeiras peças de teatro escritas em Goiás, de autoria de Joaquim Sebastião de Bastos.
Com quase 900 páginas, a edição está dividida em três seções – dados sobre o autor, análise crítica da peça segundo padrões semiológicos, transcrição do manuscrito de 1880. O resultado é uma enciclopédia cultural de Goiás do fim do século 19. Segundo Fernando Magalhães, a obra se propõe a colocar a peça em moderno contexto, para a valorização do teatro goiano, e tornar público o conhecimento de um texto do criador do teatro de costumes em Goiás.
Três títulos elencam a Coleção Agepel. Constelações e Porcos para o Comendador, romance de J. Humberto Henrique que trata de uma série de eventos passados em 1890, em Pirenópolis. O autor mescla fatos históricos com romance de costumes. Para J. Humberto, ler a obra é mergulhar na alma de Pirenópolis e conhecer por dentro a história social da mais artística das cidades goianas. O personagem central é o comendador Joaquim Alves, pioneiro da região, fundador e proprietário da Fazenda Babilônia, patrimônio cultural nacional.
Médico e pecuarista, Altamiro de Moura Pacheco está na biografia de Rosarita Fleury. Com título homônimo do médico, o livro expõe um amplo panorama da vida dos maiores pioneiros de Goiânia. Em nova edição, a obra é recheada de documentos históricos e textos de autorias do próprio Altamiro.
Aruanã é uma coletânea de crônicas de Eduardo Guedes de Amorim, um dos pioneiros da preservação ambiental em Goiás. Reunidas nesta nova edição revista, relata o pioneirismo do escritor em seus caminhos pela preservação ambiental. Em sua crônica, Eduardo Amorim mostra a exuberância do Araguaia, a saga da conquista do norte, aventuras nos garimpos de diamante e a história da construção de cidades pioneiras. O autor, filho de portugueses, viveu um período de pioneirismo do norte goiano. O livro remete à história do atual Tocantins. Fecha a obra uma coleção de crônicas sobre Portugal, onde viveu vários anos.