Vários anos de história para contar
Jornal Diário da Manhã, 09/12/2007
Vários anos de história para contar
Carla Guimarães
carlaguimaraes@dm.com.br
Da Editoria de Economia
A turma Bernardo Sayão, a segunda do curso de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), se reuniu ontem para comemorar os 40 anos de formatura. O evento foi realizado no Auditório Farnese Dias, na Escola de Agronomia. O reitor da universidade, Edward Madureira Brasil, professores da turma, além de familiares, participaram da solenidade que relembrou momentos do tempo de faculdade e também prestou homenagem ao grupo. Placas com um poema alusivo à profissão de agrônomo foram entregues a todos os 15 alunos da turma presentes e também a representantes de dois professores e um aluno.
O organizador do encontro, professor José Xavier de Almeida Neto, o Xan, como ficou conhecido pelos colegas e alunos, foi o primeiro professor da Escola de Agronomia da UFG a obter o título de doutor. Ainda foi diretor da Escola de Agronomia por duas vezes e, de acordo com o reitor da universidade, um dos maiores pesquisadores que a UFG teve na área de correção de solo.
No ano de 1967, quando José Xavier e sua turma, composta por 22 alunos, concluíam o curso, as atividades agrícolas no Estado ainda se esbarravam no desconhecimento de manejo do solo. “Justamente nessa época que começou a exploração do Cerrado, com novas técnicas de adubação”, lembra Xavier. O arroz foi uma das primeiras culturas a “abrir o Cerrado”. Milho também já era plantado e o cultivo do algodão estava se iniciando em Santa Helena, sudoeste de Goiás. No entanto, a soja, hoje responsável por grande parte da produção agrícola do Estado, ainda não tinha chegado nas terras goianas em razão do clima, que não era propício.
José Xavier comenta que toda essa turma de formandos contribuiu para a divulgação de culturas e implantação de novas variedades, como a soja. A maioria foi para o interior de Goiás. À época, a adubação básica que o solo do Cerrado recebia era de fosfotagem (fosfato) e calagem (calcário). Vieram então os trabalhos de adubação utilizando micronutrientes de planta, nitrogênio e potássio, o que deixou a terra propícia para receber culturas como a soja, por exemplo.
“A maior limitação do Cerrado era nutricional. Depois vinha a parte da água, buscando a irrigação, e a gerência, para administrar o trabalho, conciliando variedades e produtividade de forma econômica”, destaca. Hoje, ele acredita que a gerência seja o foco das novas turmas.
Edward Madureira ressalta que a turma Bernardo Sayão está entre as primeiras com a missão de tornar o Cerrado numa região produtiva. “Nessa época veio o incentivo do governo, com o Pólo-Centro, que incentivava a abertura de áreas para plantio e esses profissionais tiveram esse desafio, num período em que não havia pesquisa e às práticas de cultivo eram para terras consideradas cultiváveis”, recorda. Para o reitor, a turma teve uma participação decisiva para mostrar o Cerrado como terra cultivável.