UFG, 47 anos de orgulho dos goianos
Jornal Diário da Manhã, 13/12/2007
UFG, 47 anos de orgulho dos goianos
Quero prestar homenagem à Universidade Federal de Goiás, a nossa UFG, que completará 47 anos de existência no próximo dia 14 de dezembro. Trata-se de uma das instituições de ensino superior mais respeitáveis do País, com uma notável história de realizações acadêmicas e uma exemplar ficha de serviços prestados ao povo do Estado de Goiás e do Brasil.
A UFG nasceu como resultado de um amplo movimento popular, coroando uma luta de mais de 100 anos, que buscava transformar um velho sonho em realidade. Na verdade, a implantação do ensino superior em Goiás começou lá pelos idos de 1832, quando o presidente da Província de Goiás determinou que houvesse, no arraial de Cavalcante, um especialista aprovado em Medicina e Cirurgia que ensinasse suas artes a quem se interessasse por esses estudos. Foi o primeiro passo na direção de se instalar o ensino superior na região Centro-Oeste.
Lançada a semente, floresceu naturalmente entre as famílias goianas a vontade de livrar os seus jovens estudantes da necessidade de viajar para fora do Estado, quer fosse ao Rio de Janeiro, quer fosse a Salvador, por exemplo, para poder desenvolver seu talento aprendendo um ofício de nível superior em uma instituição pública e gratuita.
A realização desses anseios veio finalmente em 14 de dezembro de 1960. Nessa data, o Projeto de Lei de número 2.357, que criava a Universidade Federal de Goiás (UFG) e que fora enviado ao Congresso Nacional em outubro daquele ano pelo presidente Juscelino Kubitschek, foi aprovado e convertido na Lei n° 3834-C. Quatro dias mais tarde, na Praça Cívica, centro de Goiânia, o próprio JK assinava a sanção. Terminava vitorioso o esforço de décadas pela implantação de uma universidade federal em Goiás e começava, naquele instante, a trajetória da UFG como instituição de ensino superior comprometida com Goiás, voltada para a discussão dos problemas nacionais e para a difusão do conhecimento científico.
A Universidade Federal de Goiás resultou da reunião de cinco escolas de ensino superior então existentes: a Faculdade de Direito, a Faculdade de Farmácia e Odontologia – que, posteriormente, se dividiria em duas unidades distintas –, a Escola de Engenharia, o Conservatório de Música e a Faculdade de Medicina. A Faculdade de Direito, vale lembrar, é centenária: foi fundada em 1898, na cidade de Goiás, sendo transferida depois para Goiânia. Porém, a UFG voltou a oferecer na velha capital o curso de Direito, no nível de graduação.
A Faculdade de Farmácia, que data de 1947, e a Escola de Engenharia, de 1954, testemunham a vitalidade do movimento pela criação da UFG, nas décadas imediatamente anteriores a 1960. Em especial, esse movimento teve nos estudantes goianos sua força dinâmica e impulsionadora. Estudantes que, mobilizados em torno da União Estadual dos Estudantes (UEE), promoveram diversas manifestações em favor da criação de uma universidade pública no Estado.
A luta pela criação da UFG teve o seu maior líder em Colemar Natal e Silva, talvez o mais destacado herói dessa verdadeira epopéia. Diretor da Faculdade de Direito em 1959, quando foi procurado por um grupo daqueles estudantes que militavam na luta pela criação da UFG, Colemar resolveu que era tempo e hora de assumir a função de comandante do movimento. Reuniu os diretores das outras quatro escolas superiores que constituiriam o núcleo original da universidade na Comissão Permanente para a Criação da Universidade do Brasil Central. Foi essa Comissão que elaborou a forma original do projeto de lei da criação de nossa universidade.
Cabe esclarecer que esse nome – Universidade do Brasil Central – era aquele que inicialmente se pretendia dar à primeira instituição pública de ensino superior que viesse a ser fundada em Goiás. O nome existia desde a aprovação, em 1948, de um projeto de lei estadual, de autoria do ex-governador Coimbra Bueno.
Hoje, não podemos disfarçar o orgulho quando contemplamos o que se tornou esse produto do movimento liderado pelo professor Colemar, que foi escolhido para ser o seu primeiro reitor. Sim, pois a UFG é fiel a sua razão original de ser, que é a concretização do sonho da interiorização do ensino superior público no Brasil. Por isso, hoje, a UFG está estruturada em seis campi: dois na capital, Goiânia, três em cidades do interior de Goiás – Catalão, Jataí e Firminópolis –, e um na cidade de Porto Nacional, no Estado do Tocantins. Além desses campi, ela mantém o curso de Licenciatura em Matemática em Rialma e o de graduação em Direito na bela e tradicional cidade de Goiás, antiga capital do Estado.
A UFG, em toda a sua profícua história de quatro décadas, buscou continuamente servir a um público mais amplo que o de sua clientela de estudantes universitários. De fato, as atividades de extensão sempre tiveram, para a UFG, uma importância fundamental, pois a instituição cumpre também um papel social na melhoria da vida de toda a população.
Os dois objetivos das atividades de extensão, assim, são a integração do ensino e da pesquisa na busca de soluções para problemas e aspirações da comunidade e a organização, o apoio e o acompanhamento de ações que integrem a universidade à sociedade, com benefícios para todos.
Foi nesse espírito que, por exemplo, de 1972 a 1984, a UFG manteve um campus avançado na cidade de Picos, Estado do Piauí, em uma das microrregiões mais miseráveis do Nordeste e do País. Ali os estudantes da UFG prestaram serviços médicos à população e forneceram cursos de atualização e capacitação profissional, especialmente aos professores da rede pública municipal de Picos e cidades circunvizinhas. A presença da UFG em Picos foi determinante para que o único hospital público existente na região, que se encontrava em estado precário de conservação e operação, se tornasse um dos melhores do Nordeste.
No comando dessa instituição modelar está hoje o professor Edward Madureira Brasil, eleito para as funções de reitor, depois de cumprido mandato de grandes conquistas e transformações na vida da universidade. Ele desempenha suas relevantes atividades com competência, zelo e elevado espírito público. Realiza uma gestão democrática, participativa e procura, sempre, sintonizar a UFG com as grandes conquistas acadêmicas, científicas e culturais do século XXI.
Ali está o sonho realizado. Uma universidade pública no Centro-Oeste, ciente de seu compromisso com o desenvolvimento econômico e humano da região. Sobre a pedra fundamental que Colemar Natal e Silva implantou ergueu-se uma instituição que é hoje, passados quarenta e sete anos, um orgulho para toda a população do Estado.
Pedro Chaves é deputado federal pelo PMDB