HC não fará mais cirurgias

Jornal Diário da Manhã, 14/15/2007

 

HC não fará mais cirurgias

Matheus Álvares Ribeiro
matheusalvares@dm.com.br
Da Editoria de Cidades

Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Ellen Gracie concedeu, na quarta-feira, 12, o pedido de Suspensão de Tutela Antecipada referente à cirurgia de transgenitalização (mudança de sexo) em transexuais. Na prática, a medida retira o apoio do Sistema Único de Saúde (SUS), que incluía a cirurgia entre os procedimentos cobertos pelo sistema. Em Goiás, pelo menos 75 transexuais esperam na fila para realizar a operação por meio de um programa do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Em uma carta publicada na página do STF, a ministra argumenta que a manutenção do benefício provocaria um desvio de verbas em áreas da saúde, como a cirurgia de redução de estômago, segundo exemplo citado pela ministra. O Diário da Manhã tentou entrevistar, por telefone, a ministra Ellen Gracie, mas, segundo a assessoria do STF, tudo o que ela tinha para falar já estaria na carta.
Eis um trecho da carta da ministra: “Certamente causará problemas de alocação dos recursos públicos indispensáveis ao financiamento do Sistema Único de Saúde em âmbito nacional.” Na carta, a ministra também afirmou que entendia “o sofrimento e a dura realidade dos pacientes portadores de transexualismo, patologia devidamente reconhecida pela Organização Mundial de Saúde”.
Cidadania
“Não queremos que reconheçam nosso sofrimento, queremos que reconheçam nossos direitos como cidadãs”, respondeu a psicóloga e transexual Bete Fernandes. A notícia foi recebida com indignação por militantes dos direitos dos transexuais. “A pergunta que temos a fazer é quem paga o pato pela redução de recursos na saúde?”, questiona. Bete considera a decisão um retrocesso político. “O que me espanta é ver uma mulher, que assume um cargo público como tal, mas fala como homem”, afirma.
“É uma comparação ridícula”, afirma Bete, acerca da relação feita entre cirurgias de redução de estômago e transgenitalização. Ela diz que só o Hospital Geral de Goiânia (HGG) tem mais de 5 mil pacientes esperando na fila por uma cirurgia de redução de estômago, enquanto o HC realizou somente 20 procedimentos.