Redução de formandos

Redução de formandos (Diário da manhã, 03/01/2008)

 

Matheus Álvares Ribeiro
Da Editoria de Cidades

O número de alunos formados em universidades públicas teria sofrido redução de quase 10%, apesar do aumento do número de estudantes que entram, verificado nos últimos dez anos. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, na última semana. A explicação estaria na demora dos alunos em concluir seus cursos, ou mesmo no abandono, provocado pelo descontentamento ou dificuldades financeiras, já que muitos teriam problemas em conciliar as atividades acadêmicas com a necessidade de trabalhar.
Os dados foram cruzados por um consultor do Instituto Lobo Para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia e foram baseados nos dados do Censo da Educação Superior, divulgado em dezembro de 2007. A interpretação do instituto é que, apesar do volume de ingressantes ter crescido 17% entre 2001 e 2003, pouco mais de 19 mil estudantes deixaram de se formar nas instituições públicas em 2006 do que em 2004, o que representa uma queda de 9,5%. O número significa quase o dobro de vagas oferecidas pela USP no vestibular para 2008.
A Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu-MEC) afirma que os dados divulgados não são oficiais. No exercício de seu direito de resposta,o MEC solicitou ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) que conferisse os dados para que fossem divulgados. Segundo a assessoria de imprensa da Sesu, a suspeita é que, durante o cruzamento de informações, tenha-se misturado dados das universidade federais com estaduais, que não estão sob responsabilidade do ministério. O pronunciamento oficial deverá sair até a próxima semana.
Segundo a pró-reitora de Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sandramara Mathias Chaves, não se pode atribuir a um único motivo a evasão escolar. Ela explica que as razões para que os alunos deixem a universidade vão desde o descontentamento com o curso até problemas financeiros.
Embora não precise números, a pró-reitora garante que, dentro da UFG, o índice de evasão não é alto. Segundo ela, o Departamento de Assuntos Acadêmicos (DAA) da universidade está fechando um relatório que possibilitará compreender quais as maiores dificuldades dos alunos da instituição. Nós estamos com uma série de programas que serão implantados a partir deste ano visando a permanência do aluno na universidade”, conta a professora. As medidas incluem a ampliação de programas de assistência estudantil, que receberá, este ano, recursos do governo federal direcionados ao estímulo aos estudantes.
A despeito dos motivos, Sandramara prefere deixar claro que a evasão não tem nada a ver com a qualidade dos cursos. “É inegável a qualidade dos cursos nas universidade públicas”, afirma. Os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) mostram que os cursos de melhor qualidade estão nas instituições públicas. Na edição 2006 do exame, 21,2% dos cursos das universidades públicas alcançaram o conceito 5 (máximo), contra 1,6% do sistema privado.
A estudante Débora Siqueira Mendes, 25, teve de trancar por duas vezes seu curso por problemas distintos. “Já era para estar formada.” Afirma estar desempregada novamente, mas que continuará com o curso.