(UFG) Confirmado 1º caso contraído em Goiânia

Confirmado 1º caso contraído em Goiânia (Jornal Hoje, 24/01/2008)

Wanessa Rodrigues

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou ontem a primeira morte de um goianiense por febre amarela que pode ter contraído a doença na Capital. Exames realizados pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém, confirmaram que o vigia noturno Raimundo Pereira Ramos, 64, que morreu no último dia 30 de dezembro, estava com febre amarela. Ele trabalhava no Campus II da Universidade Federal de Goiás, no Conjunto Itatiaia. O secretário estadual de Saúde, Cairo de Freitas, disse que, ao que tudo indica, Raimundo contraiu a doença naquele local, pois não viajou para outras regiões. A UFG informa que, até o momento não foram registrados casos de epizootias (morte de macacos com suspeita de febre amarela). A família do vigia preferiu não se pronunciar.

Segundo informações da SES, Raimundo recebeu a vacina contra a febre amarela três dias antes de morrer. O vigia trabalhava em uma empresa de vigilância desde 1995 e desempenhava a função no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da instituição. Cairo de Freitas frisou ainda que o caso é de febre amarela silvestre e não urbana. Conforme o secretário, no Campus da UFG não existe o Aedes aegypti, vetor da febre amarela urbana, mas sim o hemagogus. Diz ainda que o índice de infestação do mosquito na universidade não passa de 1%, bem abaixo do necessário para uma possível reurbanização da doença.

Com o diagnóstico de Raimundo, a SES informa que passam a ser nove casos de mortes por febre amarela em Goiás. A secretaria ainda não inclui na estatística a morte do lavrador Leandro Gonçalves da Cruz, 24, apesar de a Superintendência Regional de Saúde do Triangulo Mineiro ter divulgado na última terça-feira que ele morreu de febre amarela. O lavrador trabalhou alguns meses na zona rural de Caldas Novas (a 170 km de Goiânia). Morador de Araguari (MG), ele retornou a Minas Gerais no dia 18 já com os sintomas da doença e foi internado no mesmo dia no Hospital das Clínicas de Uberlândia. Ele morreu na segunda-feira passada.

O reitor da UFG, Edward Madureira, ressalta que, como a universidade está em uma área de mata, desde que surgiram as primeiras notícias sobre a doença já haviam sido estabelecidas ações preventivas, como a orientação para que os alunos recebessem a imunização. Ele explica ainda que após a morte de Raimundo, a instituição reforçou o combate ao Aedes aegypti, pois a suspeita era a de que o vigia, que começou a sentir-se mal no dia 27 de dezembro, teria contraído dengue hemorrágica. Diante disso, foi intensificada a eliminação de focos do mosquito, limpeza de calhas e borrifação no local. Desde novembro, os macacos que vivem na região são monitorados por grupos de pesquisa do ICB. O reitor afirma que o último registro de morte de macaco na área foi por intoxicação alimentar.

Ontem em reunião com a SMS, a direção da UFG traçou outras ações preventivas. Conforme o reitor, a primeira medida será colocar um posto de vacinação nas dependências da universidade, conscientizar a comunidade que circula na área sobre a doença, assim como tranqüilizar essas pessoas. Será encaminhado aos alunos comunicado sobre o caso, para que todos sejam imunizados, principalmente os que estavam viajando e ainda não receberam a vacina.

ZOONOSES
Equipes do Departamento de Zoonoses da SMS estiveram ontem no Campus da UFG para coletar amostras do mosquito. Já o departamento de epidemiologia se reúne hoje com o reitor da UFG para determinar como será a vacinação no campus. A intenção, segundo a assessora do Departamento de Epidemiologia do município, Luzimar Pereira da Silva, é de fazer a imunização no momento da matrícula, para que a cobertura seja maior. Enquanto isso na Capital, a vacinação segue tranqüila.

A SES descartou ontem quatro casos suspeitos e outros cinco estão sendo investigados. Dos casos ainda em análise, três são de pessoas que morreram em Goiás e o restante de pessoas que passaram pelo Estado.

PRISÃO
A Polícia Civil prendeu ontem em flagrante uma enfermeira de um posto de saúde da Região Noroeste de Goiânia que estaria vendendo doses da vacina de febre amarela. Até o fechamento desta edição, a mulher estava sendo ouvida pela polícia.