(UFG) Saúde confirma 1º caso em Goiânia
Saúde confirma 1º caso em Goiânia (O Popular, 24/01/2008)
Raimundo Pereira Ramos, que trabalhava como vigilante na
Universidade Federal de Goiás, morreu no dia 30 de dezembro.
Secretário descarta risco de urbanização da doença
Maria José Silva
O vigilante Raimundo Pereira Ramos, de 64 anos, que trabalhava no câmpus 2 da Universidade Federal de Goiás (UFG), é a primeira vítima da febre amarela de Goiânia. Ele morreu no dia 30 de dezembro, no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), três dias depois de ter se vacinado contra a doença. A princípio, profissionais da Gerência de Epidemiologia da Secretaria Estadual da Saúde (SES) suspeitaram que a morte teria sido causada por dengue hemorrágica. Exames no Instituto Evandro Chagas, no Pará, comprovaram a febre amarela. Já são nove o número de mortes pela doença confirmadas no País.
Em todos os casos as vítimas residiam ou passaram por municípios goianos. Apesar de ter sido oficializada ontem, a morte de Raimundo foi a primeira pela enfermidade. Ontem, o secretário estadual da Saúde, Cairo Alberto de Freitas, disse que não existem motivos para alarde nem risco de urbanização da doença em Goiânia, já que a grande maioria da população está vacinada. Raimundo Pereira foi vítima da forma silvestre da doença. O secretário fez essa afirmação fundamentado no fato de que nas matas próximas ao câmpus 2 da UFG circula o mosquito Haemagogus, transmissor da febre amarela silvestre.
O vigilante era lotado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da instituição e trabalhava à noite, em dias alternados. O filho dele, o auxiliar de serviços gerais Márcio Raimundo Leão Ramos, disse ao POPULAR que o pai havia comentado com a família que dois macacos foram encontrados mortos na mata próxima ao câmpus. Ele começou a manifestar os sintomas da doença no dia 20. “Meu pai teve febre e dores pelo corpo. Inicialmente, pensamos que estivesse com dengue”, afirmou Márcio Ramos.
Uma semana depois, no dia 27, de acordo com o filho, Raimundo Pereira tomou a vacina antiamarílica. No dia seguinte, teve hemorragia. Os familiares levaram o vigilante para o Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais) do Jardim Novo Mundo. Devido ao quadro grave, ele foi encaminhado para o Hospital das Clínicas da UFG. No dia 29, foi transferido para o HDT, onde morreu um dia depois. Para o auxiliar de serviços gerais, a morte do pai deve servir de alerta para que as autoridades incentivem e possibilitem a aplicação da vacina. “Meu pai estava com a vacina vencida e tinha medo de contrair a doença. Infelizmente, tomou a vacina tarde demais.”
O superintentende-interino da Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Spais) da SES, Petronor de Carvalho Fonseca, informou que a morte do vigilante por febre amarela só foi revelada ontem porque os exames de sorologia, feitos no Laboratório Central de Saúde Pública Giovanni Cysneiros (Lacen) tiveram resultado negativo para a doença. A febre amarela, segundo disse, foi confirmada por meio de exames nas vísceras (histopatológico) e em partes do tecido (imunohistoquímico) realizados no Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), laboratório de referência no País para a detecção da enfermidade.