(UFG) Autoridades querem evitar novo ciclo

Autoridades querem evitar novo ciclo (Jornal Hoje, 12/02/2008)

Carla Lacerda

Antecipação. É essa a palavra que agora norteia os trabalhos das autoridades de saúde pública em Goiás. Com o intuito de prevenir futuros ciclos da febre amarela, representantes do governo e da Universidade Federal de Goiás (UFG) firmaram parceria ontem. Um grupo de articulação será formado por seis pessoas, que, até o fim do mês, têm a missão de apresentar um relatório com propostas concretas para evitar a propagação da doença – sabe-se que a patologia, de sete em sete anos, aparece de forma mais acentuada.

Em linhas gerais, técnicos da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e especialistas da UFG vão analisar aspectos epidemiológicos, ambientais, biológicos, entre outros, que, conjugados, devem apontar o rumo das pesquisas. Uma das metas é saber se há um “corredor” da doença, com locais mais suscetíveis. Na epidemia de 1999 e 2000, por exemplo, verificou-se a ocorrência de casos no Nordeste Goiano. Já o novo ciclo, que começou em dezembro do ano passado, teve o Entorno do Distrito Federal como principal foco de contaminação.

A preocupação com os turistas é outro ponto de debate. Junto com o Ministério do Turismo, a idéia da SES é intensificar a divulgação de informações, de modo que todo imigrante chegue ao Estado já imunizado. Efeitos adversos da vacina, formas de aprimorar a realização de exames, monitoramento do comportamento dos macacos (eles servem de aviso sobre a circulação do vírus amarílico) e controle dos vetores de transmissão (os mosquitos Haemagogus e Aedes aegypti) são outros assuntos que serão esmiuçados pelos especialistas.


De 1973 até hoje, mais de 200 casos – 103 apenas no início da década de 70 – foram registrados em Goiás. Levantamento de janeiro de 2008 mostrou que 78,5% das vítimas eram homens – das 14 ocorrências contabilizadas neste período, 11 envolviam o sexo masculino. As pessoas infectadas tinham entre 22 e 63 anos. A taxa de letalidade foi de 57%.

Desde dezembro do ano passado, 19 casos de febre amarela foram confirmados no Estado – 7 evoluíram para cura e 12 resultaram em óbitos. Mais oito suspeitas estão sob investigação.


A reunião de ontem contou com a participação do secretário estadual de Saúde, Cairo de Freitas, do coordenador do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da UFG, Elias Rassi, de técnicos da SES e do Ministério da Saúde, além de professores de imunologia, virologia, patologia geral, entre outros.