(UFG) Reitor critica "demonização"
Reitor critica “demonização” (Diário da Manhã, 14/02/2008)
Alexandre Bittencourt
Editor de Política & Justiça
À frente de um dos órgãos investigados pelo Ministério Público Federal em função de gastos com cartões corporativos, o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, disse ontem que, na sua avaliação, o debate sobre o assunto “demonizou” o sistema, que ele defende e acredita ser eficiente no controle de gastos públicos.
“A total transparência do governo fez com que se levantassem suspeitas sobre atos de absoluta lisura. Os cartões corporativos foram demonizados. Ainda assim, a transparência é indispensável e deve ser mantida”, analisou o reitor, na manhã de ontem, em evento no Palácio das Esmeraldas (veja matéria da página 3).
A UFG, de acordo com o site da Controladoria Geral da União (CGU), contabilizou gastos de R$ 77 mil no ano passado, “todos perfeitamente auditados”, segundo Madureira. A universidade é o sétimo órgão federal com mais despesas contabilizadas no Estado, atrás do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Superintendência de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Antes de adotarmos o cartão corporativo, gastávamos pouco mais de R$ 100 mil com despesas de emergência. Com o cartão, essa despesa caiu para R$ 77 mil. É um mecanismo interessante e deve ser preservado. Abusos e o mau uso do cartão é que devem ser coibidos”, analisa Madureira.
Na avaliação do reitor, o modelo precisa ser aprimorado. A exemplo do que já disseram o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, Madureira defende que haja progressiva restrição das chamadas contas “tipo B”, nome dado aos saques feitos na boca do caixa e explicados depois com notas fiscais.
“Há oportunidades em que os saques em dinheiro são justificáveis. No entanto, eles devem ser exceção. O uso do cartão é altamente recomendável.” De acordo com o reitor, na universidade apenas motoristas e alguns servidores da manutenção têm posse do cartão corporativo. Ainda segundo Madureira, a universidade determinou “perfis” de gastos para os cartões e o servidor é impedido de fugir ao que é pré-estabelecido.
CEFET
Conforme mostrou o DM na edição de ontem, o Cefet também explicou seus gastos com cartões corporativos em 2007. Segundo a CGU, o centro de educação técnica gastou R$ 283 mil em 2007. O site da Controladoria aponta despesas curiosas, realizadas em lojas de brinquedo e relojoarias. Na terça-feira, o diretor-geral do Cefet, Paulo César Pereira, e a diretora-administrativa, Telma Barros, explicaram que, na loja Comercial Brinquedos, o Centro adquiriu duas lanternas ao preço de R$ 4,50 cada. Na relojoaria, foram comprados troféus e medalhas para alunos participantes de uma feira.
Os diretores asseguraram ainda que há dois funcionários da contabilidade destacados para a fiscalização permanente de gastos com os cartões.