(UFG) Apoio decisivo para novos empresários
Apoio decisivo para novos empresários (Jornal Hoje, 11/03/2008)
Márjorie Avelar
Entrar para a universidade, graduar-se para depois procurar um emprego. Esse é o caminho que muitos jovens percorrem todos os anos, por vezes sem sucesso. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4 milhões deles estão desempregados, principalmente pela falta de experiência profissional, já que a maioria tem até 23 anos. É exatamente por causa das fracas perspectivas de melhorias que candidatos a empresários têm encontrado a solução para o problema nas incubadoras de empresas – existentes dentro das instituições de ensino superior, centros de pesquisas e prefeituras.
Presidente da Rede Goiana de Inovação, que oferece apoio para o segmento, Maria Inês Miranda explica que uma incubadora de empresas é um ambiente planejado dentro das faculdades e universidades para apoiar projetos inovadores, oferecendo serviços especializados e consultorias que facilitam o desenvolvimento deles.
Para participar do programa, é necessário que a instituição implante-o na própria unidade. Depois, o candidato a empresário apresenta um pré-projeto, que passa por análise de viabilidade financeira e de mercado, feita pela comissão da incubadora. Após a aprovação, ele registra a empresa como outra qualquer. “A maior diferença é que todo o apoio concedido é gratuito, seja na parte física, seja de assessoria e de capacitação profissional”, destacou Maria Inês.
O geógrafo Vinícius Gomes de Aguiar, de 23 anos, viu no programa da Universidade Federal de Goiás (UFG) a possibilidade de entrar no mercado de trabalho já com experiência, e com a vantagem de ser dono do próprio negócio. Há um ano e três meses, no último período do curso de Geografia, ele e o colega Marcos David Gonçalves, 25, hoje seu sócio, apresentaram um projeto voltado para o geoprocessamento de mapas urbanos. Após aprovação por comissão da UFG, passaram a ocupar uma das três salas da universidade. Lá, pagam 228 reais de aluguel, com direito a telefone, fax e internet.
“Não tínhamos dinheiro para abrir uma empresa. Além disso, temos todo o assessoramento necessário para que nosso negócio seja um sucesso”, salientou Vinícius, que faz mestrado em Geotecnia na UFG. Trabalhando para duas prefeituras do interior, ele já pensa na renovação do contrato, que vence daqui a três meses. “Vamos renovar por mais um ano e meio, totalizando os três anos”, informou o sócio-proprietário da Geoplano.
SUCESSO
Técnico em Química Industrial, Alexandre Costa, de 53 anos, cursou somente o ensino médio. Sua história foi bem diferente da de Vinícius e Marcos. Em 2002, um desacordo comercial foi o estopim para que o empresário criasse um equipamento, na época, inovador: um gravador telefônico para computador. “Negociei um produto por telefone e ganhei um desconto. Ao buscá-lo, o vendedor disse que não havia concedido o abatimento”, lembra. Ele acabou levando o produto mais barato, mas a indignação de ter tido sua palavra contestada permaneceu.
Uma semana depois, Alexandre fez uma “gambiarra”, no próprio computador, usando o Windows. “Consegui gravar todas as minhas conversas. Quinze dias, criei o primeiro protótipo, que foi vendido para uma empresa de plano de saúde”, contou. Do dia da confusão até o empresário chegar ao programa de incubadoras do Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás (Cefet) foram três meses. “Queria apoio principalmente em gestão e marketing, áreas que não dominava na época”, justificou.
Após aprovado o pré-projeto, surgiu a PC TEL. “Após três anos na incubadora, fechei minha empresa de alarmes para me dedicar ao desenvolvimento do gravador”, lembrou Alexandre, que agora cria equipamentos cada vez mais avançados e tem clientes por todo o Brasil, como a Petrobras e a mineradora Vale. E contabiliza troféus como o Prêmio Nacional de Inovação Tecnológica, o primeiro de sua carreira, concedido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
FINEP PREVÊ R$ 150 MILHÕES PARA 2008
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) prevê para este ano investimentos de R$ 150 milhões para as incubadoras de empresas no País. Os recursos não serão reembolsáveis, mas oferecidos como subvenção econômica e contratados por incubadoras credenciadas. A intenção é ampliar e assegurar recursos para apoiar empresas e parques tecnológicos e atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) neles situados. Os recursos vão contribuir para aumentar o faturamento e as exportações, gerando e consolidando empresas inovadoras capazes de autogestão, especialmente na geração e difusão de tecnologia
De acordo com a Finep, 6 mil incubadoras devem faturar cerca de R$ 2 bilhões em 2008. A estimativa do setor é que, no final de 2010, ocorra um aumento de, pelo menos, dez vezes no número de empresas incubadoras, totalizando 60 mil, além de elevar a receita de R$ 2 bilhões para até R$ 30 bilhões anuais.
De acordo com a presidente da Rede Goiana de Inovação, Maria Inês, os financiamentos concedidos às instituições de ensino superior só chegam após apresentarem os projetos dos empresários. Segundo ela, em Goiás há cinco incubadoras – da Universidade Salgado de Oliveira (Universo, com cinco empresas), UFG (12 projetos), Prefeitura de Goianésia (12) e da Faculdade de Ensino Superior de Rio Verde (Fesurv, com dois projetos). Na semana passada, a Universidade Estadual de Goiás – unidade de Anápolis – também aderiu ao programa.