Jornada de cirurgias beneficia 100 (Jornal Hoje, 03/05/2008)

Bruna Mastrella

O peso da idade e do cansaço parece ter chegado com mais intensidade para Maria das Graças Pereira Dutra, 56. Há cinco anos, desde que quebrou a bacia ao cair de uma carroça, a lavradora de Itajá, no extremo sudoeste do Estado, a 462 quilômetros de Goiânia, ganhou uma dor às vezes insuportável como fiel companheira e a perda de parte dos movimentos das pernas.

Após o acidente Maria das Graças foi submetida a uma cirurgia para colocação de pinos no quadril. Contudo, por força de uma rejeição natural ao material estranho colocado em seu corpo, ela passou a sentir dores constantes. De tanto tomar um analgésico receitado por seu médico, a lavradora passou a sofrer alergias. Inscrita havia dois anos na fila para cirurgias ortopédicas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, referência estadual em procedimentos desta natureza, finalmente Maria das Graças viu sua sorte mudar.

Por meio da 5ª Jornada de Ortopedia e Traumatologia dos ex-Residentes e ex-Estagiários do HC, cem pessoas com histórias semelhantes à da moradora de Itajá conseguiram alterar seus destinos. Desde quinta-fera (1º), cerca de 70 ortopedistas dentre professores do departamento, anestesistas, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, psicólogos e assistentes sociais estão realizando diversos tipos de cirurgias de alta complexidade em pacientes com deformidades congênitas ou adquiridas nas mãos, pés, coluna, ombro, quadril, joelho, neuromusculares, bem como instalação de fixadores externos.

O coordenador da ação, o médico Mário Kuwae, explica que, além de proporcionar maior qualidade de vida aos pacientes, a Jornada é uma forma de ex-profissionais do HC retribuírem à formação que adquiriram na UFG. "O apoio dado pelos ex-residentes é muito grandes. Todos são multiplicadores dessa idéia", observa. Ele conta que todos os beneficiados foram selecionados de uma lista de espera que o hospital possui, que contem mais de 500 pessoas. Ao todo, 25 cirurgias diárias estão sendo realizadas, algumas delas com procedimentos não custeados pelo Sistema Único de Saúde, em oito salas cirúrgicas cedidas para o evento.

Com uma nova prótese colocada no quadril, Maria das Graças demonstrava bastante otimismo quanto ao futuro. Agora espera retomar as atividades diárias com a disposição e normalidade de antes. "Quero vida nova, estou muito feliz".