Dieta não reduz gordura

Dieta não reduz gordura (Diário da Manhã, 18/05/2008)

Pesquisa realizada por cientistas da Universidade Karolinska, na Suécia, apontou que fazer dieta não diminui o número de células de gordura do corpo humano. A descoberta ajudaria a entender, por exemplo, o famoso “efeito sanfona”, quando uma pessoa emagrece e engorda sucessivamente, sem conseguir equilibrar o peso e que já foi apontado como a causa de problemas de baixa imunidade em pessoas que se submetem a regimes.

Segundo os pesquisadores, a quantidade de adipócitos (células de gordura) é definida durante a adolescência e permanece invariável pelo resto da vida, mesmo que a pessoa venha a desenvolver obesidade no futuro. O que acontece é que estas células têm a capacidade de armazenar grandes quantidades de gordura e aumentam de tamanho. Ao inchar, provocam aquelas “dobrinhas” indesejáveis, em pontos estratégicos do corpo.

Os pesquisadores fizeram uma experiência com centenas de crianças, adolescentes e adultos e descobriram que as células de gordura se multiplicavam durante a infância, mas que uma vez atingida a idade adulta, o número continuava o mesmo. Durante os testes, eles retiraram amostras de gordura de alguns pacientes que se preparavam para se submeter à cirurgia de redução do estômago.

Depois que estes pacientes emagreceram, os cientistas retiraram uma nova amostra de gordura para verificar se a quantidade de adipócitos havia reduzido. Percebeu-se, então, que as células de gordura não haviam diminuído em quantidade, mas no tamanho.

A conclusão representa uma má notícia para quem se submete a dietas constantes e, muitas vezes, absurdas. Na avaliação dos pesquisadores, as células continuam “pedindo mais comida” e, mais cedo ou mais tarde voltarão a se encher, engordando a pessoa novamente. A menos que ela se mantenha em constante vigilância, por meio de uma alimentação balanceada e exercícios físicos.

Para a nutricionista e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) Estela Maris Mônego, existem três fases da vida de uma pessoa, onde a chance de ganhar peso é grande. A infância (dos quatro aos seis anos), a adolescência e a gestação, no caso da mulheres. “Quanto mais jovem uma pessoa, maior o risco dela engordar e não emagrecer”, explica.

Esta é uma das razões pela qual a obesidade infantil é tão preocupante hoje. Estima-se que, a cada dez crianças obesas, oito sofrerão deste problema depois de adultas. Muito além das questões estéticas, a doença provoca outros problemas, como pressão e colesterol altos, tendência a diabetes, pouca resistência física. A incidência de obesos com problemas do coração é duas vezes maior do que pessoas com índice de massa corporal adequado e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), 75% das doenças cardiovasculares podem ser atribuídas aos fatores de risco, dentre eles a obesidade.