Perigo do lixo tecnológico
Perigo do lixo tecnológico (Diário da Manhã, 19/05/2008)
Matheus Álvares Ribeiro
Quando um computador ou um aparelho qualquer estraga, ou fica velho, a primeira idéia que vem à cabeça de muitos consumidores é trocá-lo por um novo, sem, no entanto, raciocinar sobre o destino que o equipamento descartado receberá, tampouco sobre os impactos que causará ao meio ambiente. A idéia de possuir uma máquina nova pareceria atraente se a relação entre consumo e produção de lixo não mostrasse uma realidade que só há pouco tempo foi percebida pelo mundo. Não sabemos o que fazer com os rejeitos tecnológicos.
Na contramão dos movimentos ecológicos, eletrodomésticos são descartados e muitas vezes amontoados em lixões sem a menor condição de armazenamento.
Apesar de a maioria desses resíduos não ser perigosa, elas armazenam água da chuva e servem de criadouros para o mosquito transmissor da dengue, além de outras doenças.
Como se o acúmulo não fosse o bastante, alguns desses artigos possuem partes potencialmente perigosas ao meio ambiente e à saúde humana.
Pilhas e baterias, por exemplo, possuem metais pesados, como chumbo, cádmio, zinco e mercúrio. Os danos à saúde incluem problemas pulmonares, no estômago, rins e cérebro, além de anemia e perda de memória. Na maioria das vezes, o destino final de uma máquina é o aterro, conta o professor da Escola de Engenharia Civil (EEC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Eraldo Henriques. Para ele, o ideal é dar uma nova utilidade ao equipamento: A maioria dos artigos é potencialmente reciclável. Hoje, 90% do lixo tecnológico pode ser reaproveitado, e algumas empresas já o fazem com margem razoável de lucro.
Novo destino
No caso de computadores, por exemplo, a única parte que não atrai o interesse das recicladoras é a tela do monitor. As outras peças podem ser totalmente aproveitadas, muitas vezes compondo uma nova máquina. O empresário Carlos Alberto Bento Alves é uma dessas pessoas que fizeram da reciclagem de computadores um negócio atraente. Recebemos tanto de catadores de sucata quanto por leilão. A cada 45 dias, pelo menos três toneladas de placas sem uso são trituradas e enviadas a São Paulo, de onde são exportadas para os fabricantes. Esse destino é reservado apenas para máquinas muito antigas.
As mais recentes são remodeladas e revendidas a um preço baixo (entre R$ 100 e R$ 300), com garantia de três meses. Além disso, o plástico e o metal (chumbo, alumínio, latão e cobre), por serem totalmente recicláveis, possuem uma boa saída.