UFG acha novo morcego em Goiás

UFG acha novo morcego em Goiás (O Popular, 28/05/2008)

Animal, identificado pela 1ª vez no centro-oeste, foi achado por pesquisadores em Niquelândia

Rosane Rodrigues da Cunha

Uma espécie de morcego comum na América do Sul, inclusive na Amazônia, foi registrada pela primeira vez na Região Centro-Oeste. O Artibeus concolor foi encontrado em uma área de reserva nativa do grupo de mineração Anglo American, em Niquelândia, a 370 quilômetros de Goiânia.

A espécie foi identificada por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), que desde 2005 trabalham na identificação de espécies da fauna e flora na região. O trabalho é desenvolvido em parceria com a Anglo American, proprietária da mineradora Codemin, instalada na cidade há 26 anos.

O pesquisador Leonardo Aparecido Guimarães Tomaz, da UFG, que defendeu tese de doutorado estudando a população de morcegos do Cerrado de Niquelândia, relatou o registro da primeira ocorrência da espécie Artibeus concolorno Brasil Central.

“O morcego é polinizador e dispersor de frutos, por isso é sempre positivo encontrar a espécie em outras áreas”, diz o zoólogo e coordenador do Programa em Ecologia e Evolução da UFG, Rogério Pereira Bastos.

Além da nova espécie de morcego, o grupo, formado por alunos da graduação, mestrado e doutorado da UFG, identificou 113 espécies de plantas, 250 de invertebrados, 29 de anfíbios, 12 de lagartos, 18 de serpentes, 18 de mamíferos não-voadores e 19 de outros morcegos, entre elas a Lonchophylla dekeyseri, ameaçada de extinção.

Na pesquisa, realizada entre 2005 e 2006, eles também identificaram nas reservas nativas da Codemin 156 espécies de aves. Algumas sob ameaça de extinção, como o mutum-de-penacho e o pica-pau-da-copa.

O resultado de uma nova pesquisa, que teve início em 2007 e está em fase de conclusão, deve ampliar o conhecimento sobre a fauna da região. “Já identificamos mais 47 espécies de aves”, declara Rogério, ressaltando que essa segunda pesquisa incluiu áreas de reservas nativas e de culturas de eucalipto.

A conclusão do estudo deve dar aos pesquisadores uma radiografia mais nítida da fauna e flora da região. Além de Niquelândia, a pesquisa em execução inclui ainda áreas de mata nativa da Anglo American em Barro Alto. Com o término dos trabalhos, previsto para junho, os pesquisadores poderão comparar dados de estudos anteriores feitos em Barro Alto e avaliar, por exemplo, mudanças de hábitos dos animais.

“Essa comparação será possível em Barro Alto porque temos estudos anteriores”, diz Rogério. Porém, em Niquelândia, não há pesquisas suficientes para uma comparação. “Os primeiros estudos datam de 2005 e outro está sendo concluído”, diz.

Para assegurar a seqüência das pesquisas, a UFG vai pleitear a renovação da parceria com a Anglo American, que paga bolsas aos alunos e a compra de equipamentos e materiais. Marcelo Galo, gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa para Niquelândia e Barro Alto, diz que a parceria com a UFG é importante para ajudar a Anglo American no monitoramento do impacto ambiental nas áreas onde explora níquel.