Goianos divergem sobre experimentos
Goianos divergem sobre experimentos (Diário da Manhã, 30/05/2008)
A decisão de liberar pesquisas científicas com células-tronco embrionárias pelo Supremo Tribunal Federal (STF) gera divergência entre os goianos. O monsenhor João Daiber, da Paróquia São José, em Goiânia, reafirma a posição contrária dos católicos. Realizar pesquisas com embriões fere o quinto mandamento de Deus, que diz: Não matarás. Pastor evangélico e professor de bioética no Seminário Batista Goiano, Abelardo Rodrigues Almeida diz que a discussão sobre células-tronco não se resume na decisão do Supremo. Nós, evangélicos, acreditamos que a discussão não está encerrada.
O pastor diz que, como religioso, entende que a vida é um dom de Deus. "Acreditamos que as pesquisas podem acontecer com embriões que serão descartados. Caso haja possibilidade de alguma vida ali, somos totalmente contra."
A presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás,
Maria de Fátima Rodrigues Carvalho, vê nas pesquisas um meio de voltar a andar. Acredita que o benefício alcançará os jovens. Dói ver jovens que ainda têm a vida toda pela frente e que passarão por dificuldades.
O cardiologista Anis Rassi Júnior realiza pesquisas e terapias com células-tronco adultas e defende a decisão. Os embriões que seriam desprezados têm a partir de agora como colaborar para mudar vidas. Presidente da Associação Médica do Estado de Goiás, Waldemar Naves do Amaral diz que a decisão do STF vai beneficiar a população que poderá contar em breve com novos tratamentos. As pesquisas relacionadas a células-tronco ainda estão no início. O que se sabe é que elas, de maneira geral, poderão oferecer opções antes inimagináveis.
O neurologista Fernando Elias Borges acredita que o avanço das pesquisas traz boas perspectivas no tratamento de doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer. "O que temos atualmente são apenas medidas para diminuir a progressão da doença."
Professora do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás, Lidia Andreu Guillo trabalha com pesquisa de células-tronco embrionárias animais há dois anos. Entende que a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias humanas é um avanço para a pesquisa.