Nasce uma nova rede de comunicação

Nasce uma nova rede de comunicação (DIário da Manhã, 06/06/2008)

Uma nova rede de comunicação nasce no Brasil: a RedeIFES, um sistema de permuta de conteúdos multimídia, implementado pelas instituições federais de ensino superior (IFES). Trata-se da primeira rede nacional de rádio e TV universitárias.

Ainda em processo de implementação, o projeto foi amplamente discutido no último dia 28 de maio, na Universidade Federal de Uberlândia, por ocasião do Seminário “Constituição da RedeIFES”. O evento, organizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), contou com a participação de dezenas de reitores, assessores de comunicação e diretores de rádio e TVs universitárias.

As mesas-redondas do seminário reuniram os seguintes expositores: o então presidente da Andifes, Arquimedes Diógenes Ciloni; o secretário executivo da entidade, Gustavo Balduino; o coordenador geral da Divisão de Mídia Audiovisual da UFRJ, Sérgio Duque Estrada; o gerente de Comunicação e Marketing da RNP, Marcus Vinícius Rodrigues Mannarino; a assessora de Comunicação da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), Silvana Barletta; o diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Nelson Simões; o diretor de Mídia Educacional do Cefet-RJ, Paulo Bittencourt; o professor de Telejornalismo e Cinema da UFPR, Carlos Rocha; o diretor de Outorga de Serviço de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Carlos Alberto Freire Resende; o diretor de Comunicação Social da UFU, Paulo Roberto Franco Andrade; a diretora de Divulgação e Comunicação Social da UFMG, Maria Ceres Pimenta Spinola Castro; o diretor do Canal Universitário da UFF, José Luiz Sanz; dentre outros. Eu tive a honra de coordenar o Grupo de Trabalho da Andifes (GT RedeIFES) e os debates sobre o processo de implementação em nível nacional.

A nova rede estará presente em todo o território nacional, integrando as universidades federais e os centros federais de educação tecnológica (Cefet). O sistema dará suporte às emissoras universitárias, disponibilizando programas de rádio e TV, vídeos, spots etc., e viabilizará a permuta e circulação dos conteúdos produzidos. A permuta já ocorre por meio de uma infovia de alta velocidade, a RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa.

É importante ressaltar, entretanto, que não se trata de uma rede
convencional, com uma estrutura verticalizada, hierarquizada e unidirecional. Ela não é equivalente às redes de rádio e TV tradicionais, nas quais uma emissora âncora impõe sua grade de programação. Na RedeIFES não existe cabeça-de-rede, todos podem produzir e disponibilizar conteúdos na plataforma virtual, assim como podem “baixar” os programas de sua escolha, atendendo-se às demandas e aos interesses regionais, sem a necessidade de se estabelecer uma cadeia nacional. Em outras palavras, trata-se de uma rede flexível, interativa, horizontal por natureza e democrática por excelência.

A RedeIFES não é uma emissora, mas uma plataforma virtual, que garantirá um acervo de produções de rádio e TV de todo o território nacional, produzidas ou co-produzidas pelas IFES.

O sistema com o apoio do governo federal, especialmente do Ministério da Educação. A Andifes está buscando um apoio mais efetivo também de outros ministérios. Estamos tentando marcar novas reuniões como o presidente Lula e com os ministros Fernando Haddad (Educação), Gilberto Gil (Cultura), Hélio Costa (Comunicações) e Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República).

A RedeIFES garantirá uma maior visibilidade à produção acadêmica, cultural, científica e tecnológica das universidades federais e centros tecnológicos. Um tema de interesse comum das IFES poderá ser objeto de uma produção compartilhada por parte de uma rádio ou TV universitária. Isso muito contribuirá para racionalizar gastos e, ao mesmo tempo, promoverá o intercâmbio técnico e acadêmico entre os pesquisadores e produtores envolvidos. Além do mais, reforça a idéia de trabalho coletivo, facilitando, ademais, a ampla difusão de informações por todo o Brasil.

É claro que o projeto ainda precisa ser aprimorado no interior de cada unidade, considerando-se as dificuldades regionais e locais. É evidente que ainda falta uma maior articulação das IFES para viabilizar o pleno funcionamento da rede. Vamos enfrentar vários e novos desafios nos próximos meses, principalmente no que diz respeito à busca de recursos humanos e financeiros.

Entretanto, o importante é que os primeiros passos já foram dados, e estamos no rumo certo. A RedeIFES haverá de crescer e se consolidar como um grande empreendimento institucional. A estrutura tecnológica em implantação garantirá mais pluralidade de conteúdos e uma maior diversidade cultural, contribuindo, assim, para a democratização da comunicação no Brasil.



Prof. Edward Madureira Brasil é reitor da

Universidade Federal de Goiás (UFG) e vice-

presidente da Andifes