Os 75 Anos do Centro Acadêmico XI de Maio

Os 75 Anos do Centro Acadêmico XI de Maio (Diário da Manhã, 07/06/2008)

Na sua gloriosa existência de 110 anos, que vai comemorar no próximo 13 de agosto, a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás viveu, neste 28 de maio, um de seus momentos mais significativos.

É que o órgão máximo de sua representação estudantil, o legendário Centro Acadêmico “XI de Maio”, ou simplesmente, como passou a ser chamado, mais recentemente, Caxim, reuniu, no Auditório da Faculdade de Direito, representações as mais expressivas, a pretexto de comemorar, festivamente, os seus luminosos 75 anos de existência.

Criado em 1933, o Centro Acadêmico “XI de Maio” tem tido participação decisiva nos momentos culminantes da história político-administrativa de Goiás e do Brasil.

Uma de suas posturas mais retumbantes foi, indubitavelmente, o patrocínio do “Enterro Simbólico de Dom Fernando”, o intrépido arcebispo metropolitano de Goiânia que, em 1959, obteve do Congresso Nacional a criação da Universidade de Goiás, mais tarde denominada Universidade Católica de Goiás, passando por cima das aspirações da imensa maioria dos goianos de ter, prioritariamente, uma Universidade Federal para Goiás. Essa atitude irreverente, ousada e arrebatadora modificaria os quadros administrativos da própria Faculdade de Direito, cognominada de “O Casarão da Rua Vinte”, com a renúncia de seu então diretor, o saudoso Jerônimo Geraldo de Queiroz, e a ascensão ao cargo de diretor do inolvidável Colemar Natal e Silva, então vice-diretor da entidade. A primeira atitude de Colemar foi, então, a de empunhar a bandeira de criação da Universidade Federal de Goiás, - proposta encampada pelo mais prestigioso deputado federal, por Goiás, à época, o saudoso Gérson de Castro Costa, que, mais tarde, receberia, como gesto de reconhecimento, o título de “Doutor Honoris Causa” da universidade.

Ainda nos anos 50, o Centro Acadêmico “XI de Maio” travaria uma batalha de repercussão nacional, que mudaria os destinos do País. Trata-se da campanha pela mudança da capital federal para o Planalto Central, bandeira levantada pelo olímpico Juscelino Kubitschek de Oliveira, o presidente desenvolvimentista, - campanha em que o nosso Centro Acadêmico teve a parceria do “Centro Acadêmico XI de Agosto”, da Faculdade do Largo São Francisco, integrante da USP – Universidade de São Paulo.

Outra cruzada em que se empenharia o glorioso Centro Acadêmico “XI de Maio”, – a Campanha pela Preservação do Mogno, árvore impiedosamente derrubada pelas madeireiras da região amazônica, com destaque para a famigerada RioImpex, acusada de exportar milhares de toras da preciosa madeira de lei para os Estados Unidos através dos rios da bacia amazônica. Como marco dessa cruzada heróica, o altaneiro mogno plantado nos jardins do então “Casarão da Rua Vinte”, que, sobranceiro, deita sombra sobre o velho casarão e parte da Rua 20.

Posteriormente, aquele mogno foi tombado, como reverência das autoridades regionais e federal à árvore-símbolo daquela cruzada.

Durante a ditadura militar que durou de 1964 a 1985, o Centro Acadêmico “XI de Maio” foi golpeado de morte, por decisão das autoridades federais, mediante alteração do Estatuto da UFG para, ardilosamente, extinguirem-se os Centros Acadêmicos de cada unidade universitária, e criarem-se, para substituí-los, os diretórios setoriais que pretendiam representar grupos de unidades universitárias, tais como as unidades da área de ciências humanas, de ciências médicas etc. Era uma medida artificial, porquanto os estudantes dessas entidades universitárias não se conheciam, e, com isso, inviabilizava-se o entrosamento e a representação estudantil.

Por isso, quando assumi a Diretoria da Faculdade de Direito da UFG, pela vez primeira, a 16 de dezembro de 1980, minha providência prioritária foi reunir o Conselho Departamental da Faculdade, constituído pelos chefes de departamento da instituição, que, à época, eram cinco, formado, ainda, pelos representantes das categorias docente e discente. E, mediante proposta minha, decidiu-se, à unanimidade, restaurar-se o Centro Acadêmico “XI de Maio”, e dotar-se a entidade de um estatuto. Para tanto, designei o prof. Jerônimo Geraldo de Queiroz, ex-diretor da Faculdade, e ex-reitor da UFG que havia retornado à ativa pela Anistia, para elaborar o anteprojeto de estatuto, que, logo após, transformaríamos em Estatuto do Centro, outorgando-lhe pela autonomia, inclusive com a perspectiva de obter registro no Cartório de Títulos e Documentos, como se fez, posteriormente.

Por isso, na solenidade do 28 de maio, a partir das 19h30, no Auditório da Faculdade de Direito, Praça Universitária, a direção do “XI de Maio” houve por bem conferir-me uma homenagem, que muito me sensibilizou, – a distinção “Mérito XI de Maio”, com a seguinte inscrição, em placa de prata:

“O Caxim (Centro Acadêmico XI de Maio) Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, concede ao Prof. Dr. Licínio Leal Barbosa esta homenagem, em reconhecimento à sua contribuição ao Caxim, à instituição Universidade Federal de Goiás, à sociedade goiana, e ao universo jurídico nacional. Caxim 75 Anos”.

A homenagem só não me surpreendeu porque já me habituei aos gestos de generosidade da juventude do meu País, e, muito especialmente, dos estudantes de Direito, de que os filhos do “Casarão da Rua Vinte” são a expressão mais refinada dos estudiosos do Direito, em Goiás futuros distribuidores da Justiça.

Por tudo o que representa para a história jurídico-política de Goiás, salve o Centro Acadêmico “XI de Maio”, nas justas comemorações de seus gloriosos 75 anos!

Licínio Barbosa
é advogado criminalista