A avaliação e os avanços da educação pública em Goiás

A avaliação e os avanços da educação pública em Goiás (Diário da Manhã, 18/07/2008)


Todas as vezes em que se divulga resultados de avaliação da educação brasileira, muitos se esquecem de que esta é uma área na qual subsiste uma grande dívida histórica que ainda está sendo resgatada, para a maioria da população marcada pela pobreza e suas conseqüências.

Os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) não deixam dúvidas sobre uma das conseqüências dessa dívida. De acordo com o Saeb, na 4ª série do ensino fundamental, 12% dos estudantes brasileiros têm desempenho muito crítico, 40% crítico, 40% intermediário e apenas 8% têm desempenho adequado. Na 8ª série, 60% dos estudantes estão nos níveis crítico e muito crítico. No 3º ano do ensino médio, 70% estão nessas duas faixas.

Entendemos que um dos méritos do sistema público de avaliação adotado pelo Brasil é o de utilizar instrumentos de forma contínua, viabilizando a construção de séries históricas, de forma criteriosa e transparente, e, assim, permitir que a sociedade tome consciência da situação e se mobilize, como já está acontecendo, em busca da superação.

Parafraseando a professora Thereza Penna Firme, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a avaliação “não é um evento, é um processo. Não é medo, é coragem. (...) Não é secreta, é transparente. Não é arbitrária, é criteriosa. Não é classificatória, é promocional”.

Reportagem da revista Época (14/07/2008) destaca que “há no Brasil 308 escolas públicas de 1ª a 4ª série com resultado igual ou superior ao da rede particular”, conforme dados da última avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Destaca, ainda, a distribuição dessas escolas no País. São Paulo vem em primeiro lugar, com 96 escolas públicas acima da média da rede particular no Estado. O Rio Grande do Sul é o segundo, com 48 escolas; Rio de Janeiro é o terceiro, com 40; Paraná é o quarto, com 21; Minas Gerais é o quinto, com 18; Maranhão é o sexto, com 17; e Goiás é o sétimo, com 12 escolas públicas com notas acima da média da rede particular. Mais uma vez, Goiás se coloca entre os primeiros em educação.

A maior nota na última avaliação do Ideb, em Goiás, ficou com o Colégio Estadual Professor Júlio Cavalcante, da cidade de Mara Rosa, que obteve 6,5 e superou, com sobras, a meta de 5,5 estabelecida para essa escola, para o ano 2021. Em seguida, com médias de primeiro mundo, vem a Escola Municipal Professora Selva Campos Monteiro, de Rio Verde, com 6,4; a Escola Estadual Luiz Alves Machado, de Itapaci, com 6,3; a Escola Estadual Castelo Branco, de Firminópolis, com 6,1; a Escola Municipal Izabel Miranda, de Crixás, com 6,0; o Colégio Estadual Serafim de Carvalho, de Jataí, com 6,0 e o Colégio Estadual Hélio Veloso, de Ceres, também com 6,0. Acrescente-se, ainda, que 212 colégios estaduais tiveram nota igual ou maior que a média nacional das escolas públicas.

Dentre vários fatores a serem considerados nessas e nas demais escolas que se destacaram, estudos na área demonstram a contribuição da gestão eficiente, do compromisso e da qualificação dos professores, da participação da família e da comunidade na vida da escola. Além disso, em Goiás, temos programas de incentivo à leitura, à valorização da democracia no espaço escolar e à qualificação dos trabalhadores da educação.

Vislumbra-se que, devido às determinantes socioeconômicas e culturais, a superação dessa dívida histórica acumulada, dar-se-á com o funcionamento da escola pública, em nosso País, para além dos muros escolares, como uma verdadeira central de desenvolvimento comunitário. Opção feita pelo governo de Goiás.

Milca Severino Pereira,
ex-reitora da UFG, é professora da UCG e secretária de Estado da Educação