Falta professor de Filosofia e Sociologia

Falta professor de Filosofia e Sociologia (Jornal Hoje, 23/07/2008)

Liana Aguiar

Faltam professores de Filosofia e Sociologia no Brasil. A obrigatoriedade das duas disciplinas é lei desde o mês passado, mas para que todas as escolas de ensino médio possam oferecê-las, é preciso 15 vezes mais docentes de Filosofia e 40 vezes mais de Sociologia. É o que mostra estudo realizado pelo Ministério da Educação (MEC), que revela que a carência de profissionais licenciados é uma das dificuldades que as escolas enfrentam para se adaptar à nova legislação.

No Brasil, 20.339 professores de Sociologia atuam nas escolas, mas somente 12,3% são graduados na área. São 31.118 docentes de Filosofia, apenas 23% licenciados na área. A demanda em cada uma das disciplinas é de 107.680 professores, estima o MEC. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao estudo, de autoria de Dilvo Ristoff, diretor de Educação Básica Presencial da Capes/MEC.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Domingos Pereira da Silva, comenta que no Estado existe mesmo essa carência e que o último concurso foi há seis anos – e somente para Goiânia e Anápolis. Domingos lembra que a retirada das disciplinas de Filosofia e Sociologia da grade curricular, há mais de 40 anos, fez diminuir o interesse de profissionais na área.

A nova lei deixa otimista o professor Rogério Saucedo Corrêa, coordenador do curso de graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele estima que a procura pelo curso aumente. “É um atrativo para a área”, comenta. Segundo ele, mais que a pouca oferta de cursos no ensino médio, o que desestimulou a demanda na área foram os baixos salários oferecidos no magistério.

O superintendente do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação, Marcos Elias Moreira, pondera que Goiás está bem à frente em relação à média nacional. Desde a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), de 2006, que orientava as redes estaduais de ensino a oferecer as duas disciplinas, muitas escolas já se adaptaram. Hoje, o Estado possui 802 professores efetivos de Filosofia e 743 de Sociologia. Para se ter uma idéia, a rede possui 935 docentes de Educação Física, por exemplo. O superintendente estima que cada disciplina vai precisar de cerca de 1.100 professores no próximo ano letivo.

Para atender a demanda, a secretaria prepara um concurso público. O edital deve ser publicado em agosto. O Estado tem pressa na seleção, para que os novos profissionais tomem posse já no próximo ano letivo. “Mas só o concurso não resolve”, admite Marcos Elias. Por isso, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) oferecerá um curso de pós-graduação nessas áreas para os professores graduados em História e Pedagogia, que já trabalham com as disciplinas.

A preocupação é com escolas mais afastadas dos grandes centros urbanos, que têm mais carência de profissionais graduados nas duas áreas. Ele também negocia com o MEC a oferta de uma segunda graduação para professores que já atuam em sala de aula.