O vaqueiro Ciriaco

O vaqueiro Ciriaco (Diário da Manhã, 28/07/2008)

Mário Rizério Leite, membro de diversas instituições literárias em Goiás, nasceu na pequena Brumada, Bahia, em 1912, e se fez médico por profissão e escritor por opção.
Após sua formatura, penetrou-se nos sertões do nordeste goiano, vindo, mais tarde, fixar-se, por definitivo, em Goiânia.
Por mais de cinco décadas, exerceu o sacerdócio da Medicina e por muitos anos professor da Universidade Federal de Goiás. É membro da Academia Goiana de Letras, cujo patrono é o contador de causos rurais, professor Pedro Gomes.
O escritor, depois de algum tempo sem publicar livro, nos presenteia com um romance muito bem escrito, seguindo a linha regionalista, conforme suas obras anteriormente conhecidas e aplaudidas pela crítica literária.
O livro O Vaqueiro Ciriaco é a história de um jovem habituado com o trabalho árduo do campo, de família humilde, sem perspectiva de um futuro melhor, embora demonstrando notável inteligência no aprendizado das letras e na condição dos afazeres da zona rural.
Tentando alcançar seu sonho, transfere-se, com muita luta e tenacidade, para o centro urbano, na esperança de alimentar sua imaginação e de se tornar uma pessoa respeitável dentro da sociedade local.
O romance é baseado no drama social, onde os coronéis exploram seus subalternos, impondo condições e, muitas vezes, chegando a vinganças com planos e requintes de maldades.
Mário Rizério Leite, mais uma vez, consegue que o leitor penetre no seu romance, analisando a trama urdida em toda a história, enfoca o jogo da fragilidade humana e analisa os entrelaçamentos psicológicos da figura principal do seu livro.
Não foge à sua capacidade de escritor que capta e transmite na sua escrituração a arte vivida do homem interiorano, sua passagem pelas cidades pobres e pequenas, enriquece com linguagem clara, simples e compreensível o seu fazer literário.
Sua obra é enfocada com os constantes problemas da liberdade individual, da paisagem do Cerrado, da problemática das lutas e crueldade nos campos, do linguajar regional tão fecundo e poderoso, só se comparando a nomes como Bernardo Élis, Hugo de Carvalho Ramos, Bariani Ortêncio, Eli Brasiliense, Léo Godoi Otero, Carmo Bernardes e muitos outros que representam o regionalismo do Brasil Central.
O Vaqueiro Ciriaco é um livro que deve ser guardado com carinho especial nas melhores estantes das nossas bibliotecas.


Geraldo Coelho Vaz é ocupante da Cadeira nº 36 da AGL