Economia do dia-a-dia

Economia do dia-a-dia (Diário da Manhã, 28/07/2008)

Antonia de Castro


Que tal tomar um bom vinho, ir ao cinema pelo menos duas vezes na semana, freqüentar barzinhos, assistir a shows e ainda economizar para uma viagem no final do ano? O casal de namorados Frederico Vaz, 25, e Letícia Portes, 25, conseguem essa façanha. Letícia, por exemplo, já economizou R$ 6 mil para fazer uma viagem de 15 dias à Europa no final do ano. A técnica do casal é simples: buscar alternativas para fazer pequenas economias.
Na hora de se divertir, Frederico e Letícia preferem ir ao cinema que oferece descontos. O ingresso custa para cada um deles R$ 4 reais, frente a até R$ 15 pelo preço da entrada nos finais de semana. Shopping só aquele que não cobra estacionamento, o que diminui R$ 5 reais por semana.
O casal também prefere tomar um bom vinho em casa, economizando o dobro do preço que pagam por um vinho de R$ 20 reais. Quando vão a barzinhos, optam por aqueles que não cobram couvert artístico, deixando de pagar no mínimo R$ 5 por pessoa.

grátis
Os namorados também aproveitam a cultura grátis, como apresentações da orquestra sinfônica, shows nas praças de alimentação dos shoppings e nos parques de Goiânia. Até o estacionamento é controlado.
Letícia explica que prefere chegar 30 minutos antes de um show e pagar o flanelinha do que colocar o carro na garagem particular. Formada em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Letícia conta que sempre foi controlada.
No tempo de estudante de graduação, ela dava aulas de inglês em cursinhos preparatórios, onde ganhava R$ 700 por mês. Do pagamento, ela colocava R$ 400 todo mês na poupança, para no final do ano viajar.
Para economizar ainda mais, Letícia compra o pacote turístico com pelo menos quatro meses de antecedência e parcela as passagens. “Quando fico pronta para a viagem, não estou devendo mais nada.”
Com esse método, ela já foi para a Europa, conheceu Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis. Ainda na universidade, ela dava carona para os amigos na condição de rachar a despesa do combustível.
Mestranda também pela UFG, Letícia tem conta universitária, o que a exime de tarifas bancárias. Ultimamente, ela lava seu cão em casa em vez de levá-lo ao pet shop, onde pagava R$ 10 por semana. Como ganhou uma bolsa de mestrado no valor de R$ 900, a garota vem economizando mais para a viagem à Europa.
O namorado Frederico Vaz dá todo o apoio. Advogado, ele tem escritório e um parceiro que presta consultoria financeira às empresas. Ele se mostra experiente quando diz que a falta de gestão financeira não acontece só com pessoas físicas: “Há muitos pequenos e médios empresários que não sabem gerir de maneira correta e acabam se dando mal.”
Frederico também tem sua poupança e considera uma inconseqüência gastar todo o dinheiro que ganha sem pensar que o dia de amanhã é imprevisível. O casal finaliza que eles nunca abdicaram de nenhuma vontade. “É só prestar mais atenção a essas pequenas coisas para se economizar”, completam.
corte
O economista Marcus Antônio Teodoro Batista diz que se dar conta de que é possível diminuir os gastos com lazer, transporte, plano de saúde e tarifas bancárias é básico para ter o orçamento controlado.
Assim como exigir o troco, a pessoa deve ficar atenta aos truques do sistema financeiro, alerta o especialista. Tarifas do cheque especial e cartão de crédito são armadilhas. Por outro lado, se bem conduzidas, a pessoa pode ter desconto de até 100% nessas tarifas.
Marcus diz que uma das principais regras para quem quer ter uma vida financeira tranqüila é não adiar o investimento, mesmo que o valor seja pequeno.
O economista fez as contas de quanto o casal economiza. O total chega a R$ 80 reais semanais. São R$ 320 reais por mês e R$ 3.852 por ano. Se aplicado, o casal vai ter uma poupança de R$ 4 mil ao final do ano.