UFG institui sistema de cotas a partir do próximo vestibular

UFG institui sistema de cotas a partir do próximo vestibular (O Popular, 02/08/2008)

Vinte por cento das vagas serão reservadas a estudantes da escola pública e negros, também da rede pública

Patrícia Drummond

Tem novidade no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG). A instituição acaba de aprovar a adoção de 10% das cotas para alunos oriundos da escola pública e mais 10% para negros, também da rede pública de ensino. Por 33 votos favoráveis, três contrários e três abstenções, o Programa UFG Inclui foi aprovado pelo Conselho Universitário em reunião realizada ontem.

O programa prevê, além da reserva de vagas, outras ações referentes ao processo seletivo e à permanência dos estudantes que ingressarem por meio do programa nos cursos de graduação da universidade. As mudanças começam a valer já para o próximo vestibular, cujas inscrições começam em setembro.

“As ações propostas pelo programa começam já nesse período, quando vamos ampliar de 3 mil para 5 mil o número de isenções de taxas de inscrição ao Vestibular 2009. Essa é uma forma de estimular a participação de estudantes de escolas públicas no nosso processo seletivo”, explica a professora Sandramara Matias Chaves, pró-reitora de Graduação da Federal. Ela lembra que a discussão do programa vem sendo realizada desde o ano passado, por meio de reuniões, encontros e seminários envolvendo toda a comunidade universitária. “A UFG, como instituição pública de ensino e pesquisa, precisa dar resposta à sociedade”, argumenta.

Para participar do sistema de cotas sociais e raciais da UFG, o candidato deverá ter concluído os seus cinco últimos anos de estudo – os dois últimos do ensino fundamental e todo o ensino médio – em escola da rede pública. A primeira fase do processo seletivo 2009, que será realizada no dia 23 de novembro, prevê a convocação adicional de 20% de candidatos de escola pública (independentemente de raça/cor) e, ainda, 20% de negros oriundos de escolas da rede pública.

Esses candidatos serão convocados, adicionalmente e por ordem de classificação, para realização da segunda etapa, caso os respectivos cursos não tenham atingido esse índice, conforme estabelece o edital do vestibular.

Inscrição
Na segunda fase, prevista para os dias 14 e 15 de dezembro, se o índice de 10% de candidatos de escola pública e de negros de escola pública não for atingido em cada curso, serão convocados, por ordem de classificação, 10% de alunos da escola pública (independentemente de raça/cor) e outros 10% de negros oriundos de escola pública, respeitando-se o número de vagas de cada curso.

Os estudantes negros interessados em concorrer ao vestibular da Universidade Federal de Goiás deverão se autodeclarar como tal no ato da inscrição, segundo os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde os negros são constituídos por pretos e pardos.

Também no ato da inscrição, o candidato deverá fazer a opção pelo sistema universal ou pelo Programa UFG Inclui. No caso de o aluno optar pela segunda alternativa, deverá especificar se deseja concorrer como estudante da rede pública (independentemente de raça/cor) ou como negro oriundo da rede pública.

A reunião do Conselho Universitário que aprovou as mudanças a serem implantadas no processo seletivo da universidade foi presidida pelo reitor em exercício, professor Benedito Ferreira Marques.

O Programa UFG Inclui foi relatado pela pró-reitora de Graduação, Sandramara Matias Chaves. Com validade de dez anos, será avaliado anualmente para possíveis ajustes e aprimoramento da política institucional de inclusão na universidade, conforme explica a pró-reitora.

De acordo com Sandramara, as mudanças propostas se traduzem em um avanço para a universidade. “Nós pretendemos não apenas mobilizar os estudantes da rede pública para o nosso vestibular, mas também oferecer a esses estudantes as reais possibilidades de acesso ao ensino público superior, dando a nossa contribuição a essa sociedade ao mesmo tempo tão plural e desigual”, diz a pró-reitora.