Quinze cursos de Goiás obtêm as melhores notas no Enade

Quinze cursos de Goiás obtêm as melhores notas no Enade (O Popular, 07/08/2008)

Graduações receberam notas 4 e 5 em pelo menos dois dos conceitos estabelecidos pelo MEC. Nutrição da UFG, em Goiânia, está entre os 25 mais bem avaliados do País

Patrícia Drummond

Quinze cursos goianos obtiveram conceitos altos (4 e 5) no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2007 e também no Conceito Preliminar de Curso (CPC) – novo método de avaliação das Instituições de Educação Superior (IES) –, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação (MEC). Entre essas 15 graduações, uma pode ser considerada de excelência e está entre as 25 melhores do País: Nutrição, oferecida pela Universidade Federal de Goiás (UFG), que obteve nota máxima (5) nos três conceitos avaliados pelo MEC.

No total, 3.239 cursos foram avaliados, no ano passado, pelo governo federal, envolvendo 16 áreas do conhecimento: agronomia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, tecnologia em radiologia, tecnologia em agroindústria, terapia ocupacional e zootecnia. Foram as mesmas áreas avaliadas em 2004, à exceção dos cursos de tecnologia, que participam pela primeira vez do Enade.

Para chegar aos resultados anunciados ontem, o MEC colocou na balança a nota do Enade, o Índice de Desempenho (IDD) – que mostra o quanto de conhecimento a instituição agregou ao aluno – e o recém-criado CPC, composto por 40% da nota do Enade, 30% da nota do IDD e 30% da avaliação do corpo docente e da infra-estrutura da instituição. Com a avaliação, o governo federal busca medir a contribuição do curso na formação do estudante. Dessa forma, aplica a mesma prova para alunos ingressantes e para alunos concluintes de cada um dos cursos avaliados – medindo, assim, a situação em que o estudante chegou ao curso e a situação em que está saindo, o que permite avaliar o que foi agregado em termos de conhecimento, tanto geral quanto específico.

De acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foram convocados para o Enade, em 2007, 145.380 ingressantes e 112.962 concluintes. Com base no desempenho dos estudantes, os cursos receberam conceitos de 1 a 5. Os que ficaram sem nota não tinham estudantes concluintes à época do exame.

Pelas informações divulgadas pelo MEC, nenhuma graduação particular conseguiu obter nível de excelência no Enade 2007. Ou seja, não alcançou nota máxima no Enade, no IDD e no CPC. Foram avaliados 1.745 cursos pagos. Desses, 698 ficaram sem nota. Segundo o MEC, “operacionalmente, cursos que obtiverem CPC 1 e 2 serão automaticamente incluídos no cronograma de visitas dos avaliadores do Inep”, caso de 329 cursos, entre os 1.745 cursos de instituições privadas avaliados.

Em nota, o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular alega que em nenhum momento foi ouvido sobre a instituição do CPC. “O conceito preliminar leva em consideração o Enade com peso de 40%. Entretanto, como não há obrigatoriedade do exame, pode haver boicote”, afirma a nota. O Fórum argumenta, ainda, que, no critério estabelecido, a valorização acadêmica ocorre exclusivamente em função da quantidade de doutores, desconsiderando os especialistas e mestres, em desrespeito ao previsto na LDB.

“Não somos contra nenhuma forma de avaliação nem de tornar público as notas do Enade. Queremos que se aprimorem os instrumentos de avaliação, porque primamos pela qualidade de ensino, e respondemos por 80% das IES do País”, diz o presidente da Associação das Mantenedoras do Ensino Superior de Goiás (Amesg), Jorge de Jesus Bernardo. Ele lembra que, por tradição, os melhores alunos estão nas públicas, enquanto a iniciativa privada acolhe “a grande massa. O aluno, e não a infra-estrutura, é o nosso diferencial”, pondera. Na opinião de Bernardo, se, em uma IES particular, o aluno começa com conceito 1 e chega a 3 quando se forma, é sinal de que houve evolução.

A avaliação da diretora da melhor faculdade goiana corrobora com essa tese. Para a professora Nilce Maria Costa, que dirige a Faculdade de Nutrição da UFG, o bom desempenho do curso se deve não apenas ao esforço do corpo docente, mas, principalmente, aos alunos, “muito bem selecionados” pela instituição. “É uma soma de fatores: maioria de professores com doutorado, investimento em pesquisa, melhora em área física e equipamentos. Mas muito se deve ao perfil dos nossos alunos”, reitera Nilce.