Taxa de fertilidade no País é igual à da China, diz pesquisa
Taxa de fertilidade no País é igual à da China, diz pesquisa (Diário da Manhã, 10/08/2008)
A taxa de fecundidade do País, isto é, a quantidade de filhos que cada brasileira gera, em média, atualmente é de 1,8, contra 6,3 nos anos 60. Os dados resultam de uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. A pesquisa revela ainda que a taxa de fertilidade brasileira é agora igual à da China, que há anos limita o número de filhos a um por família. A previsão, segundo especialistas, é que nos próximos 30 anos, com a queda gradual no número de nascimentos, o Brasil terá uma proporção maior de pessoas idosas do que de jovens.
A taxa de fecundidade é o fator que mais influencia a taxa de crescimento populacional de um país, juntamente com as taxas de mortalidade e de migração. Somente no século 20, o crescimento da população brasileira aumentou dez vezes, apontando para um futuro em que faltaria infra-estrutura suficiente para tantas pessoas, além de moradia e alimentos.
Este fato, de acordo com a doutora em Ciências Sociais e membro do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (UFG), professora Marta Rovery de Souza, é positivo para o País e demonstra a nova realidade brasileira. Conta que um conjunto de fatores contribuiu para que este resultado fosse alcançado. Como fator crucial para a queda da taxa de fecundidade no Brasil, cita a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, que começou, principalmente, na década de 80.
Além disso, comenta, o fato da maior utilização dos métodos contraceptivos, do planejamento familiar, do perfil da nova família. Marta explica que este comportamento atual precisa ser discutido, pois, como a expectativa é que a população idosa seja maior do que a de jovens no futuro, é fundamental que o País se prepare para isso.
Para tanto, a professora diz que as políticas públicas devem ser melhor vistas, sendo mais insercivas. Ela diz que não há um número ideal de filhos por casal. “O número ideal de filhos para um casal é aquele o qual terão condições de oferecer melhor qualidade de vida.”
O aumento da proporção de idosos na pirâmide populacional, somada à sua maior longevidade, pode pesar nas contas públicas, em especial na Previdência Social, e também no bolso dos cidadãos em idade produtiva, fatos que ocorrem em países da Europa. Enquanto que na Itália e Suécia 25% da população tem mais de 60 anos, no Brasil este número é de 10%. A estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) é que o Brasil vai ter menor contribuição para a superlotação do planeta, que deve atingir 9,2 bilhões de pessoas em 2050.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta dados um pouco diferentes do que os revelados na pesquisa do Ministério da Saúde. Segundo o IBGE, em 2006, a quantidade de filhos que cada brasileira gerava era de 2. Em Goiás, este número é de 1,9. A Síntese de Indicadores Sociais do órgão mostra queda nestes índices. Em 2001, esta taxa correspondia a 2,4 em todo o País, já no Estado era de 2,2.