Desafios para cidade metropolitanas hoje
Desafios para cidade metropolitanas hoje (Diário da Manhã, 10/08/2008)
A cidade não pára, a cidade só cresce. O de cima sobe
e o debaixo desce.
Chico Science
O Brasil está com quase 200 milhões de habitantes. Numa inversão com os séculos anteriores, a maioria da população encontra-se nas cidades. São 83% nas grandes e pequenas cidades; 17% nos campos cerrados, atlânticos, pampas, caatingas, amazônicos e nos campos pantaneiros cheios de tuiuius, onças e caimans de olhos luzidios nas noites deste mundo aquático e fantástico de mil chalanas.
As cidades cresceram muito, e, o que é mais importante, com possibilidade de previsões, planejamentos, manejos e desenvolvimentos sustentáveis. Mas existem ainda os predadores rurais e urbanos que são contra considerar os cerrados, as caatingas e semi-áridos nordestinos e os pampas, biomas naturais nacionais. Ronda ainda em pleno século XXI muita insensatez, irracionalidades e gestos egoístas. Predomina a mentalidade dos individualismos de avançar as fronteiras das explorações, dos desmatamentos, queimadas, agrotóxicos, vacinas, papel, especulações imobiliárias. Persiste a vergonhosa realidade dos trabalhos escravos, infantis, carvoarias, grilagens, poluições de águas e mesmo violências contra agricultores, índios, ribeirinhos, quilombolas, seringueiros, assentados, acampados e lideranças populares e religiosas que teimam em lutar pela terra, água, ar, fauna e flora prometidos por Deus.
O certo é que queremos um mundo de alegrias e esperanças para gente de todas cores, raças, idades, crenças, filosofias, sociologias, geografias e histórias dadas. Oxalá avancemos mais e melhor, rompendo guerras, cobiças, vícios, preconceitos, opressões, intolerâncias, ódios, exclusões, desigualdades locais e regionais, discriminações, baixarias nas comunicações sociais. E ainda lutar por oportunidades iguais na sociedade local e globalmente planetarizada. Temos todos que romper os cercos das mortes matadas e mesmo morridas, muitas anunciadas antes da própria vida. Enfim, lutar pela vida contra toda forma de violência nos campos e nas cidades (trânsitos, pobrezas, chacinas, narcotráficos, doenças, subnutrições, milícias). E vencer os desprezos, abandonos, migrações forçadas que são muitas vezes mortes sem vida ou vidas à beira de mortes não requeridas. Precisamos desafiar nossas indiferenças e omissões.
Muitos desafios se apresentam rumo a uma sociedade mais justa e fraterna. Um deles é a criação de políticas públicas de desenvolvimento geradoras de riquezas, bens, serviços, trabalho, produção e distribuição de renda, conforto e bem-estar comunitário e solidário. Outro é a implementação de políticas regionais e mundiais de colaboração, integração, intercâmbios, trocas, parcerias. Realizar políticas educativas e culturais de diálogo, debates, tolerâncias religiosas, idelógicas. Tudo com base nos valores da dignidade, respeito, pluralidade, verdade, amor, democracia, liberdade, ética, diversidade, transparência e responsabilidade. Lembrar que a globalização, cidade e campo, norte e sul, estão, a partir deste milênio, inter-relacionados para o bem (que, imagino, todos/as queremos) e para o mal (que não queremos, mas o fato é que estamos cada vez mais de modo claro e escondido, hipócrita e ironicamente fazendo especialmente contra os mais fracos e desvalidos). Precisamos lutar hoje e sempre contra as fabricações de minas, armas, bombas, terrorismos, manipulações de bolsas e ações, comércios, subsídios, controles genéticos, de remédios e alimentos. E ainda e sempre contra as manipulações das mídias globais com mentiras oficiais e oficiosas. As ações nas políticas e nas economias estão aí com suas propagandas enganosas, baixarias televisivas, brinquedos mortíferos, remédios e alimentos fraudados na qualidade, validade, quantidade e composições naturais e artificiais. Lembrar que as massas consumidoras são alvos fáceis, repetidos, engolidos com cores, embalagens e gostos duvidosos. Estão aí alergias, dores, pesos, jeitos indesejados e desajeitados. Somos desafiados a lutar por uma sociedade mais justa e fraterna.
Precisamos desenvolver políticas públicas que levem em conta a conciliação dos interesses dos meios rurais e urbanos no acesso aos direitos humanos da vida. Direitos à segurança alimentar pessoal e social, moradia, trabalho, saneamento, educação, saúde, cultura, comunicações. Ao esporte e lazer, transportes para os moradores das comunidades locais e regionais. Agendas cidadãs para o povo trabalhador das cidades e dos campos/cerrados. Lula está fazendo sua parte no Brasil como país de todos. Vamos também fazer nossa política em Goiânia e Goiás com progresso econômico e social para todos homens e mulheres dos cerrados, de JK e Lula.
Estes desafios serão certamente conquistados com políticas públicas e empreendedorismos, investimentos, educação, planejamento, conhecimentos, tecnologias para uma democracia, desenvolvimento sustentado (agendas afirmativas, op, comitês de bacias de rios, agenda 21, planos diretores, obras, serviços e loteamentos fronteiriços entre dois municípios, participação, controle e comunicação sociais). Agendas cidadãs para toda sociedade. Desafios aceitos com trabalho e ação solidária continuada, articulada e integrada. É tempo e espaço de sonhos, utopias, alegrias e esperanças na construção de um mundo melhor para a humanidade de Deus, agora urgentemente. A vida é certa. Lutar é combater o bom combate pela paz e justiça social.
Pedro Wilson Guimarães é deputado federal (PT/GO), ex-prefeito de Goiânia e professor das universidades Católica e Federal de Goiás.