"Acredito em mim e nas pessoas"
"Acredito em mim e nas pessoas" (Diário da Manhã, 11/08/2008)
Se o cenário do pleito municipal em Goiânia está vazio para os homens – figuras consolidadas do universo político –, com apenas quatro candidatos, era esperado que não estivesse melhor para as mulheres. O fato é comprovado pela presença de apenas uma integrante do sexo feminino na corrida ao Paço Municipal, mesmo assim sem liderar cabeça de chapa. Vice do prefeitável Gilvane Felipe (PPS), Jaqueline Vieira (PV - foto) é a única mulher a tentar em 2008 a Prefeitura da Capital.
A representante do Partido Verde se destaca num ponto: ingressou na vida pública sozinha, sem influência ou auxílio de marido ou familiar atuante na área. Em sua família não há registro do “sangue político”. Professora universitária, Jaqueline é pedagoga. Chegou a iniciar o curso de Física na Universidade Federal de Goiás, mas não se adaptou. Foi casada por 19 anos, período em que deu à luz sete filhos. A quatidade de herdeiros nascidos se torna incoerente com a aparência física que esbanja a candidata. O mais velho tem 26 anos de idade e o mais novo, 15. Em 2006, Jaqueline se casou novamente. Em 2004, foi candidata à Câmara Municipal, mas não conquistou o diploma de vereadora. Tentou ser deputada estadual em 2006, mas não chegou lá. Foi uma das fundadoras da Fundação Pró-Cerrado e da Ong Associação Sol. A meta para 2008 é mais ousada, porém, não inatingível. “Precisamos ampliar a participação feminina”, diz Jaqueline confiante.
Diário da Manhã – Quando começou carreira política?
Jaqueline Vieira – Na década de 1980, quando era universitária. Fui presidente do Centro Acadêmico (C.A.) da Faculdade de Física e, nessa época, inclusive conheci o candidato Gilvane Felipe (PPS).
DM – A partir daí seguiram juntos na política?
Jaqueline – É. Desde então, a gente está participando, observando... Acho que o movimento estudantil é uma forma de se tornar cidadão.
DM – Como foi a decisão por disputar o Paço Municipal?
Jaqueline – Essa decisão surgiu de várias conversas dentro do nosso partido, da necessidade de o PV participar de uma chapa majoritária seja como candidato a prefeito, seja como vice. Depois, essa discussão se estendeu para o PPS, com o Gilvane.
DM – A senhora acredita ter vantagem em ser a única candidata mulher à vaga?
Jaqueline – Não existe nenhuma vantagem, acho que existir só uma candidata é uma grande desvantagem para as mulheres. Mas o fato de existir uma aponta para a possibilidade de outras virem, principalmente aqui em Goiânia, onde precisamos ampliar a participação feminina.
DM – Vai sair em buscar do eleitorado feminino?
Jaqueline – As mulheres hoje já confiam na competência da própria mulher. Nós sabemos aonde está nossa competência: trabalhamos fora, cuidamos de casa, dos filhos, viajamos o mundo e participamos da vida econômica, cultural e política do nosso País.
DM – Sua rotina?
Jaqueline – Acordo às 6h30, faço meu desjejum baseado numa alimentação bem saudável, tento cuidar das minhas plantas, medito, e, antes de iniciar a campanha, ia direto para as aulas na faculdade. Encerro o expediente às 18 horas, procuro fazer uma caminhada e depois, geralmente, faços palestras.
DM – Após ter tido sete filhos, a senhora continua com a aparência invejável. Dedica-se a cuidados com a estética?
Jaqueline – Eu me preocupo muito com minha saúde. Eu fui vegetariana por 18 anos. Durante todas as minhas gravidezes, eu engordava no máximo seis quilos. Sou muito cuidadosa com alimentação, com respiração e com a saúde espiritual. Procuro meditar e orar muito.
DM – Possui religião?
Jaqueline – Sou espírita.
DM – Tem algum projeto em mente para Goiânia?
Jaqueline – O projeto que a gente precisa perseguir no momento é o da escola integral. É necessário para que as crianças e adolescentes tenham complementação curricular. O nível de informações que os jovens recebem hoje não é o mesmo que recebíamos na minha época.
DM – A senhora ingressou na política sozinha, sem a influência de um marido ou parente atuante na área. Considera o diferencial uma vantagem?
Jaqueline – Eu me sinto uma cidadã exercendo a minha cidadania. Eu acredito em mim, na minha cidade e nas pessoas. É preciso que a gente retome isso. Hoje em dia as pessoas se posicionam como? “Eu não acredito em nenhum político.” O pior estágio que a gente pode se encontrar é o da indiferença.