Descubra Charles Darwin

Descubra Charles Darwin (Tribuna do Planalto, 08/08/2008)

Raphaela Ferro

“Falar da teoria de Darwin é um exercício que exige no primeiro momento desfazer incompreensões ou erros atribuídos à teoria", diz a socióloga e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marizete Waldhelm. Mas o que é, então, a teoria de Darwin? Segundo a professora Maria Isabel Landim, doutora em Ciências Biológicas pela USP e co-curadora da exposição "Darwin - Descubra o Homem e a Revolucionária Teoria que Mudou o Mundo", o darwinismo versa que as espécies compartilham ancestrais comuns. "O homem não veio do macaco, mas compartilha com os primatas um ancestral em comum.

Por isso não vemos, hoje, macacos se transformando em homens", afirma Landim.
A co-curadora conta que, até a época de Darwin, toda a diversidade era compreendida dentro de um sistema linear, que seria a Escala Nature, representada pela conhecida imagem de vários macacos "evoluindo" e dando origem ao homem. Essa era a teoria evolutiva do francês Jean-Baptiste Lamarck, cientista anterior à Darwin, que acreditava que os seres mais simples surgissem por geração espontânea e evoluíssem a partir dessa escala. "Darwin quebra essa cadeia. Na verdade, para ele, o processo que gera a diversidade dos seres é divergente."

Charles Darwin foi o criador da principal teoria do Evolucionismo, que versa sobre a evolução dos indivíduos, isto é, sobre a adaptação dos seres vivos às alterações ocorridas no meio ambiente. Contudo, há várias teorias neste campo de pesquisa. O primeiro a desenvolver teses nesta área foi Jean-Baptiste Lamarck, que tinha uma visão de mundo completamente distinta da de Darwin, conforme a professora Maria Isabel Landim.

"Lamarck acreditava em evolução progressiva e hierarquia na diversidade. A Escala Nature, a seqüência de macacos se tornando homens, talvez representasse a idéia do Lamarck e não a de Darwin, como normalmente aparece", afirma ela.

Pontos de vista
Na visão da professora Maria Isabel, a representação ideal da teoria de Darwin seria feita com uma árvore genealógica ou filogenética. "A teoria dele nada mais é do que a modernização das árvores genealógicas". As descobertas de Darwin permanecem como objeto de estudo e de programa de pesquisa para biólogos até hoje, mesmo quase 150 anos após a publicação de seu primeiro livro.

Maria Isabel diz que há muito ainda para ser descoberto. "A biologia evolutiva lida com a dificuldade de reconstruir um passado muito distante. Às vezes um fóssil traz um conjunto de características tão diferentes, que nos leva a reformular as hipóteses. As reconstruções de parentescos são áreas de constante disputa e transformação".

Quem foi Darwin
O cientista inglês Charles Robert Darwin nasceu em 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury. Com 16 anos deixou sua cidade natal para estudar Medicina na Universidade de Edinburgh. O cientista não terminou o curso e não teve interesse também na vida religiosa que o pai queria que ele seguisse. Em 31 de dezembro de 1831, ele aceitou o convite para tornar-se membro de uma expedição científica a bordo do navio Beagle.

A partir desta expedição, o inglês passou cinco anos navegando pela costa do Oceano Pacífico e pela América do Sul. Durante este período, o navio aportou em quase todos os continentes e ilhas maiores à medida que contornava o mundo, inclusive no Brasil. Entre fevereiro e julho de 1832, ele conhece Fernando de Noronha, Bahia e Rio de Janeiro.

Quatro anos depois passa novamente pela costa brasileira, aportando brevemente em Recife.

Seleção natural
A socióloga Marizete Waldhelm conta que o cientista inglês defendeu a premissa da evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural, que é um dos centros de sua teoria. "Isto demonstra que as espécies que habitaram e habitam o nosso planeta não foram criadas independentemente, mas estão ligadas por laços evolutivos".

De acordo com Maria Isabel Landim, a seleção natural é bastante simples se aliada à reprodução diferenciada, isto é, qualquer atributo que organismos de uma comunidade tiverem que os faça reproduzir mais que os outros, aparecerá mais vezes nos descendentes. "Darwin, quando observou a variedade de espécies na natureza, descobriu que existe variedade e que existem características que são melhores e é isso que fará com que as populações venham a ter uma cara diferente no futuro. É exatamente esse processo de seleção".

A professora enfatiza que a seleção parte daquele indivíduo que deixa mais descendentes do que os demais. "Aqueles que deixam mais representantes, ao longo do tempo, ocasionam as grandes mudanças nas comunidades". A professora explica que, hoje, entende-se que isso acontece por causa da influência dos genes, fator que Darwin desconhecia.

Decepção no Brasil
A professora Maria Isabel Landim enfatiza que, antes de participar dessa expedição, Darwin estava imerso em uma visão de mundo onde as espécies eram fixas, mas que, a partir dessa viagem, ele começou a se perguntar o porquê das semelhanças e diferenças das espécies nas regiões mais variadas. "Acredito que para ele foi interessante vivenciar o choque de culturas: um inglês que entra no Brasil e vê uma sociedade escravocrata. Ele ainda está muito convencional quando passa pelo Brasil".

Durante a viagem no Beagle, Darwin reuniu grandes coleções de rochas, plantas e animais (fósseis e vivos). Após seu regresso à Inglaterra, iniciou um caderno de notas sobre a evolução, reunindo dados sobre a variação das espécies, dando assim os primeiros passos para o livro "A Origem das Espécies", publicado em 1859.

Darwin  na internet
No site do Instituto Sangari destinado à exposição sobre Darwin (
www.darwinbrasil.com.br) há um espaço exclusivo para os professores que queiram utilizar os temas relacionados à mostra em sala de aula. Para dar continuidade ao estudo após as visitas, os mestres podem prorrogar as discussões utilizando o "Guia do Educador" e outras informações que estão disponíveis. Os estudantes também têm espaço reservado: uma área exclusiva de jogos, na qual podem encontrar um quebra-cabeça e um jogo da memória. Ambos são temáticos e diretamente relacionados ao tema da exposição.

Decepção no Brasil
A professora Maria Isabel Landim enfatiza que, antes de participar dessa expedição, Darwin estava imerso em uma visão de mundo onde as espécies eram fixas, mas que, a partir dessa viagem, ele começou a se perguntar o porquê das semelhanças e diferenças das espécies nas regiões mais variadas. "Acredito que para ele foi interessante vivenciar o choque de culturas: um inglês que entra no Brasil e vê uma sociedade escravocrata. Ele ainda está muito convencional quando passa pelo Brasil".

Durante a viagem no Beagle, Darwin reuniu grandes coleções de rochas, plantas e animais (fósseis e vivos). Após seu regresso à Inglaterra, iniciou um caderno de notas sobre a evolução, reunindo dados sobre a variação das espécies, dando assim os primeiros passos para o livro "A Origem das Espécies", publicado em 1859.

Exposição internacional
A exposição itinerante e internacional "Darwin - Descubra o Homem e a Revolucionária Teoria que Mudou o Mundo" será inaugurada em Goiânia no dia 18 de agosto e será aberta ao público no dia 19, inclusive com palestra da co-curadora Maria Isabel Landim. A mostra será realizada no Centro Cultural Oscar Niemeyer, que estará aberto de terça-feira a domingo, entre 9 e 19 horas.

Segundo a co-curadora, a exposição ajuda a desmistificar a figura do Darwin. "É uma boa oportunidade para que o público possa conhecer melhor o cientista. Nesta exposição, Darwin mostra a ingenuidade da infância com a coleta dos besouros. O pai dizia que ele iria ser uma vergonha e, muitas vezes, quando as crianças vêem, elas se identificam".

Maria Isabel explica que, na exposição, os professores terão várias possibilidades de leitura, inclusive mostrando aos alunos como se constrói uma teoria científica. De acordo com o Instituto Sangari, responsável pelo evento no Brasil, esta é a maior exposição já realizada sobre a vida e a obra de Darwin.

Os ingressos serão vendidos por R$15, com direito a meia-entrada aos estudantes com identificação da instituição, mas alunos e professores da rede pública terão acesso gratuito à exposição, assim como menores de 7 anos e maiores de 60 anos.