'Renato Russo' volta ao palco

'Renato Russo' volta ao palco (Tribuna do Planalto, 08/08/2008)

João Camargo Neto

Na pele do ator Bruce Gomlevsky, Renato Russo está de volta aos palcos brasileiros. Trata-se do espetáculo "Renato Russo", que chega a Goiânia no próximo final de semana, dentro da programação do Circuito Cultural Banco do Brasil (CCBB) Itinerante, que marca as comemorações dos 200 anos da instituição. Integra a programação do evento ainda uma oficina de fotografia digital, com o fotógrafo Tibério França e o projeto Escritores Brasileiros, que trará a Goiânia a atriz Cássia Kiss, que vai recitar poesias de Cora Coralina  (veja textos sobre os demais eventos nesta página).

Com texto de Daniela Carvalho de Miranda e direção de Mauro Mendonça Filho, o musical fica em cartaz no Teatro Goiânia de sexta-feira, 15, a domingo, 17. O espetáculo, criado em 2006, foi concebido por Gomlevsky em comemoração aos dez anos da morte do líder da Legião Urbana. A idéia de conceber o espetáculo partiu do ator, em 2003, quando ganhou de sua mulher, a atriz Julia Carrera, que também assina a direção de produção do espetáculo, a biografia Renato Russo, um Trovador Solitário. O livro, escrito pelo crítico de música e jornalista Arthur Dapieve, foi o ponto de partida para a peça, que conquistou o prêmio Shell de melhor direção para Mauro Filho no mesmo ano de estréia do trabalho.
Bruce Gomlevsky diz que não esbarrou em muitas dificuldades e as que surgiram foram facilmente sanadas com as pesquisas. "Eu não conhecia Brasília, não sabia muito do Aborto Elétrico (a banda inicial de Renato Russo) e outra coisa interessante: a doença que o acometeu entre os 15 e 17 anos. Pouca gente sabe dessa história", conta o ator sobre a epifisiólise que jogou o futuro cantor na cadeira de rodas por dois anos. Trata-se de uma doença óssea rara. Renato aproveitou o intervalo de debilidade para se aprofundar na literatura e na música.

"Nunca fiz uma peça que emocionasse tanto as pessoas. Eu fiquei muito tocado. A reação do público me alimenta muito", diz o ator. Um dos momentos mais emocionantes, segundo ele, se dá no momento em que canta a canção "Pais e Filhos", quando desce até a platéia e começa a tocar as mãos da platéia.

A peça, que já foi vista por mais de 60 mil pessoas, conta com a banda Arte Profana, que executa ao vivo as 22 canções interpretadas por Gomlevsky. Ele considera que a reação do público, convergente com os comentários dos familiares de Renato, é o melhor feedback que poderia ter. "Fomos fiel à maneira dele." O cantor morreu vítima da Aids, mas jamais assumiu que era soropositivo. Em nenhum momento do espetáculo fica explícito que ele tinha a doença. Daniela Carvalho diz que ele não queria ser visto morrendo. A decisão de não fugir do discurso de Renato foi dela. Segundo a autora, 70% dos diálogos usados no trabalho são fidedignos ao que ele escreveu ou deixou registrado de outras formas.

Serviço

* Renato Russo, a peça
* Data: dia 15 e 16, às 21 horas
* Dia 17, às 19 horas
* Preço: R$ 15 a inteira e R$ 7,50 a meia*
* Local:Teatro Goiânia
* Informações:(62) 3216 5600

*A venda de ingressos começa terça-feira, 12, na bilheteria do Teatro Goiânia, das 10 às 20 horas


Oficina de fotografia
Os amantes da fotografia digital, amadores e profissionais, terão a oportunidade de iniciar ou aprofundar seus conhecimentos teóricos e técnicos com o professor mineiro Tibério França. O fotógrafo, que tem 25 anos de carreira no meio publicitário, integra o corpo docente da Escola Guignard da Universidade Estadual de Minas Gerais. Ele vai ministrar a oficina "Foto em Pauta", no auditório da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (Facomb/UFG).

O único pré-requisito exigido do público-alvo, "de 16 aos 80 anos", é ter uma câmera fotográfica digital. A atividade será dividida em três dias. No primeiro, os alunos terão aula de introdução e iniciação à fotografia. No segundo, vão se preparar para o exercício prático. Quem tiver trabalhos na área e quiser uma avaliação do mestre, este será o momento adequado. Por fim, no último dia, sairão a campo, em local ainda a ser escolhido, para fotografarem. Os melhores trabalhos serão publicados no site
www.fotoempauta.com.br.

Lá e cá

Tibério França
`O bom equipamento não é o determinante`

Um bom equipamento é tudo na fotografia?
O ineditismo ou o furo é mais importante do que o material. Depende mais da pertinência de acontecer tudo ao mesmo tempo. Vemos cenas estarrecedoras que são conseguidas por telefones celulares.

A fotografia analógica já era?
Não acredito na sobrevida da fotografia analógica. O único espaço é na área das artes plásticas. O principal motivo está nos dois processos básicos da impressão: a jato de tinta e a convencional, que ainda usa luz. Mesmo pensando nas fotografias finais, hoje, as que usam jato de tinta vêm superando as que dependem do processo de luz.


Cássia Kiss lê Cora Coralina
Parte da programação do Circuito Cultural Banco do Brasil (CCBB) Itinerante, o projeto Escritores Brasileiros aterrissa em Goiânia na quinta-feira, 14, com uma trupe que vem enaltecer a literatura, com destaque para a escritora goiana mais conhecida. Às 9 horas, no Teatro Belkiss Spencieri Carneiro de Mendonça, da Escola de Música e Artes Cênicas do Campus 2 da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG), a professora Eliana Yunes ministrará palestra sobre a importância da leitura na sociedade contemporânea. Em seguida, a atriz Cássia Kiss lerá trechos da obra de Cora Coralina para a platéia.

Eliana, do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) falará ao público formado por educadores, pais, professores, bibliotecários e museólogos. Ela defende que a leitura pública por uma pessoa "experiente em falas", caso de Cássia Kiss, é a garantia de uma oralidade com valor e qualidade interpretativos. "Não é o nome que se faz chamariz: é a qualidade garantida de leitura, de entonação. Mais ainda se o locutor  ama a literatura, como é  o caso", afirma. Das 14 às 17 horas, o foco muda para o Miniauditório Professor Egídio Turchi, da Faculdade de Letras. Lá Eliana proferirá a oficina Leitura Literária: a provocação ao leitor.

Concomitante, na sala 33 da Faculdade de Letras, situada no Campus 2 da UFG, as professoras Goiandira Ortiz de Camargo e Ebe Maria de Lima vão coordenar a oficina Leitura de Poesia: por uma didática da invenção. A atividade será direcionada para o ensino dos versos em sala de aula, com a participação de um público iniciado, estudantes ou profissionais de Pedagogia e Letras. "Será a mescla de um conhecimento teórico com o fazer", ressalta Goiandira. Cada uma das oficinas tem 40 vagas. As inscrições devem ser feitas no site
www.letras.ufg.br.

Origem
O projeto Escritores Brasileiros foi idealizado por Marcelo Andrade. O objetivo é criar nas pessoas o hábito da leitura. O projeto deverá passar por oito Estados, onde Cássia Kiss lê trechos da obra de um autor local. Goiás é o quarto Estado contemplado pelo projeto, que já passou pelo Espírito Santo (Rubem Braga), Tocantins (Manoel de Barros) e Paraíba (José Lins do Rego). Até o final do ano, deve passar ainda pelo Piauí (Alberto Costa e Silva), Maranhão (Ferreira Goulart), Alagoas (Graciliano Ramos) e Fortaleza (Rachel de Queiroz). "A nossa intenção é que se componham núcleos de formação de leitores por onde passamos" diz Marcelo. Ele garante que, mesmo quem não gosta de leitura, sairá das atividades à caça de um livro.

Lá e cá

Cássia Kiss
'O livro aproxima muito a gente das pessoas'

O que você está lendo atualmente?
Em geral, textos de teatro: Thomas William Coke, Adélia Prado... Acabei de ler o texto de um argentino chamado Mamãe.

Qual será seu próximo trabalho?
Tennessee Williams, À Margem da Vida. Chama-se Relógio de Vidro, no título original.

Seu escritor predileto é o Manoel de Barros?
Está na lista dos meus preferidos.

Mas você é a primeira a ser convidada para as homenagens ou eventos alusivos à obra dele.
É verdade. Fui apresentada a ele no final de 80. Fiquei muito encantada com a sua linguagem. O livro aproxima muito a gente das pessoas. Fiquei apaixonada. Não é nada mais que isso.

Conhece algo da obra de Cora Coralina?
Muito pouco. Vou ter uma oportunidade grande agora de conhecer.


Livro

História de Correntina
O jornalista Hélverton Baiano lançou  na última sexta-feira, 8, o segundo milheiro do livro História de Correntina. A obra, relançada ano passado na Bahia, narra a história da formação do município natal do autor, que fica no oeste baiano, na divisa com o nordeste de Goiás. A primeira edição foi publicada em 1996. Ambas são edições independentes. "Eu pesquisava muito sobre a minha cidade, mas sem interesse definido. Até que um dia esquematizei e comecei a escrever. Levei três anos", conta Hélverton Baiano. Ele destinou 500 exemplares para vender, a R$ 20 cada, no Estado de origem e a outra metade será comercializada em Goiás. A obra tem 280 páginas e 90 fotografias. História de Correntina conta como foi o início do povoamento, em decorrência do ciclo do ouro, no século XVIII, e as etapas posteriores de exploração da região. Baiano fez também um apanhado do desenvolvimento social, político, cultural, econômico e religioso. A obra traz ainda perfis das pessoas que contribuíram para o crescimento do município, que tem hoje de 30 mil habitantes.


Música

Villa-Lobos em voz e violão
O duo Marcus Lerena e Rosenete Eberthard, de Santa Catarina, apresenta-se na sexta-feira, 15, no auditório do Senac Cora Coralina, no Setor Leste Vila Nova. O show, inédito em Goiânia, faz parte do Projeto Sonora Brasil, promovido pela entidade. Desde 2003, quando se conheceram, os dois artistas se apresentam juntos. O repertório inclui transcrições da música clássica universal. Eles possuem vasta experiência internacional, incluindo no currículo musical vários prêmios. Com 11 CDs gravados, desde 2001 Marcus realiza turnês por países europeus. Soprano e pianista, Rosenete possui cinco CDs gravados e já trabalhou com nomes consagrados da música. O evento, com entrada franca e início previsto para as 20 horas, contará com o talento de Marcus ao violão e a voz de Rosenete. Na capital goiana, farão uma homenagem ao compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. Entre as principais músicas, estão a "Canção do poeta do século XVIII", "Velerios" e "Jardim Fanado".