Designers goianos de sucesso nacional

Designers goianos de sucesso nacional (Jornal Hoje, 16/08/2008)

Marjorie Avelar

Da amizade cultivada desde a infância, passando pelos corredores da universidade até montar a Nitrocorpz, quatro jovens designers gráficos tiveram de percorrer longo trajeto. Depois de formados pela UFG, em 2000, veio a tarefa mais difícil, três anos depois. Foi quando decidiram ser donos do próprio negócio, conquistar o mercado nacional e internacional, mantendo um estúdio em Goiânia. Propostas para deixar o Estado e ganhar até sete vezes mais, no eixo Rio-São Paulo, foram muitas, mas não o suficiente para convencer Marcilon Almeida, de 31 anos, Rhawbert Costa, 28, Cláudio Cologni, 29, e Greyner Santos, 34.

“Tínhamos muitas afinidades, sempre fazíamos trabalhos juntos e chegamos a atuar em uma agência, como funcionários. Mas todos tinham o mesmo objetivo: montar um estúdio que oferecesse idéias inovadoras, com padrão internacional”, lembra Marcilon. A partir daí, surgia a Nitrocorpz – focada no mercado editorial, assessoria de imagem corporativa, design digital, identidade visual, impressos, mídias interativas (websites e CD-ROMs), tipografia e vídeo design (DVD, vinhetas e VTs). No bolso, apenas R$ 2 mil em dinheiro, os computadores que todos tinham em casa e muito sonho a ser realizado.

Passar pelos três primeiros anos, período em que muitas empresas vão à falência, não foi nada fácil. “Ganhávamos somente para manter a empresa e tirar um pouco de dinheiro para os quatro. Mesmo assim, tivemos de abrir mão de regalias e até da vida social”, ressalta Marcilon, que tem mestrado em Cultura Visual.

O rapaz assume que, no início, cometeram erros administrativos, hoje corrigidos, com a divisão de algumas responsabilidades específicas: Marcilon cuida da parte de criação; Greyner, do administrativo; Cláudio, da técnica de produção; e Rhawbert, da área de tecnologia. A divisão ocorreu apenas para que pudessem se organizar. Eles estão envolvidos com todas as etapas da produção. “Aqui não existe hierarquia, nem chefe. Somos parceiros”, salienta Marcilon. Além da organização para sanar a inexperiência inicial, o grupo realizou uma série de cursos de empreendedorismo e noções administrativas no Sebrae.

COLHENDO FRUTOS
Após os tempos de “vacas magras”, vieram os frutos. Eles fizeram trabalhos para MTV, Electrolux, Absolut Vodca e Nike – todos terceirizados por agências de outros Estados. A certeza de que estavam no caminho certo veio em 2004, quando o dono da Lino Type, empresa alemã de tipografia, procurou pelo trabalho deles.

“Eu o conheci em uma palestra em São Paulo. Entreguei nosso cartão e, meses depois, ele nos ligou. Fizemos uma produção de imagens, usando as fontes que ele vende”, informou Marcilon. “O contato veio a partir do momento em que colocamos nosso site (www.nitrocorpz.com) em inglês. Com isso, os clientes de fora começaram a aparecer”, conta. Hoje, a Nitrocorpz tem clientela na Alemanha, Estados Unidos, Hong Kong e Inglaterra.

Para aumentar a capacidade de produção do estúdio, os quatro sócios contrataram recentemente outro designer gráfico – Leonardo Santana, 28 – e o estagiário Renato Reno, 24, que está com eles há quase um ano. “Somos a confraria Nitrocorpz”, brinca Marcilon. “Não temos a intenção, por enquanto, de trocar o convívio familiar, com amigos e até a qualidade de vida da capital por outro lugar. No futuro, pode até ser que algum de nós siga por outro caminho, mas nunca fecharemos nosso estúdio de Goiânia”, sentenciou o rapaz.