Em busca da herança eleitoral
Em busca da herança eleitoral (Jornal Hoje, 17/08/2008)
Mirelle Irene
Em meio a mais de 600 candidatos que disputam a eleição para uma das 35 cadeiras na Câmara de Goiânia, há os mais variados tipos de postulante, que terão de percorrer muitas ruas, avenidas e bairros para garantir o número de votos suficientes para isso. Se a eleição para vereador é tão difícil como asseguram os especialistas, é certo que, na corrida pelo voto, ganha quem acumula o maior número de vantagens sobre os oponentes.
Nesse ponto, um grupo de candidatos específico pode sair na frente se for competente para reverter a herança genética em política. Trata-se dos candidatos filhos de políticos conhecidos, que têm a seu favor o eleitorado cativo de sua família como vantagem no pleito. Geralmente tentando a primeira eleição, a maioria garante que apenas o parentesco não garante eleição.
O candidato Daniel Vilela (PMDB), por exemplo, reconhece o privilégio que desfruta no contexto eleitoral por ser filho do ex-governador e senador Maguito Vilela. “Ser filho de um político reconhecido me abre as portas de muitas famílias que já confiam no trabalho do meu pai”, reconhece. Daniel entende que deve explorar o fato, mas que isso não pode ser visto como único fator de sucesso na eleição. “Muitos eleitores percebem que a probabilidade de eu continuar o trabalho dele é grande, o que cria uma expectativa positiva”, avalia. “Mas isso me ajuda apenas a influenciá-los, não me ajuda a ganhar a eleição”, acredita. “Ganha quem transformar essa oportunidade em apoios reais”, arrisca.
Já o presidente do PTB Jovem em Goiás, Henrique Arantes, que, como Daniel, tenta pela primeira vez ser vereador, nascer em berço político – é filho do deputado federal Jovair Arantes – abriga certas dificuldades. “Tem as vantagens, sim, porque ao longo da carreira de 20 anos ele fez muitos amigos. Mas há também uma dificuldade, decorrente do desgaste por ele estar em cargo eletivo há muito tempo, o que é transferido para a gente”, pondera.
A pedetista Tatiana Lemos diz que não teve como fugir da política como opção profissional. Ela conta que nasceu em plena Mata Amazônica quando seus pais, vereador Euler Ivo e deputada estadual Isaura Lemos (PDT), eram militantes comunistas foragidos do regime militar, nos anos 70, e diz que a escolha pela vida pública foi natural. “Cresci em reuniões e passeatas. Minha escolha tem tudo a ver com a influência dos meus pais”, reconhece. Por causa da atividade dos pais, Tatiana diz que, de dois em dois anos, estar em campanha é normal na sua rotina. “Este ano está sendo diferente porque é o meu nome que está sendo preparado”, disse.
Tatiana também acredita que ser filha de políticos experientes é bom quando se disputa uma primeira eleição. “Em parte sim, porque, pelo trabalho que eles já fazem, eu tenho que me apresentar como filha deles. Agora, na verdade, para isso ser efetivo, tenho que conquistar eu mesma o voto”, diz. “Creio que possa também conquistar o voto de outras pessoas que teriam algum preconceito contra meus pais, porque eles estão há muito tempo na política”, avalia.
Ela também lembra que requer muita ajuda a tarefa de ser eleita num ano em que tantos vereadores concorrem à reeleição, o que, para a pedetista, diminui o espaço para quem tenta a primeira legislatura “Esses candidatos já têm uma estrutura, um gabinete que já atende as pessoas há quatro anos”, afirma.
Daniel Vilela (PMDB) pensa diferente. “Muita gente reclama que a primeira eleição é difícil, mas por outro lado, a cobrança é menor”, acredita. “Nesta situação, você é a esperança, enquanto os vereadores atuais estão sendo cobrados pelo que fizeram ou deixaram de fazer”, avalia.
VICE-GOVERNADOR
Candidato à Câmara de Aparecida, Max Menezes (PR) não acredita que ser filho do vice-governador Ademir Menezes o favoreça na disputa. “Não vejo isso como diferencial. Os eleitores analisam os candidatos. Portanto, não vão votar pelo simples fato de ser parente de Ademir”, explica.
Max disse que terá mais responsabilidades ainda, porque os outros candidatos só precisam pedir votos. “As pessoas acabam me comparando com o meu pai, porque se o meu trabalho não for bom, vou atrapalhar o trabalho que ele fez”, acredita.
Segundo Max Menezes, existe pequena possibilidade de os eleitores de Ademir receberem bem o seu nome e até transferir voto. “Mas tenho que trabalhar muito. Meu pai pode até indicar meu nome, mas se o produto for ruim, a população não vai querer.”
Apesar de ser sua primeira disputa como vereadora, a candidata Cristina Meirelles (PHS), diz ter certa experiência. “Sempre acompanhei meu marido, o deputado estadual Cláudio Meirelles, em todas as suas disputas”, ressalta.
Mas garante que não entrou na eleição para ficar à sombra do marido. “Tenho um trabalho”, garante. E acrescenta que a maioria dos eleitores de Cláudio já a conhece, e acaba ligando a imagem com a do deputado, “por isso tenho um aceitação maior, mas não significa que já estou com a eleição ganha”, explica. ( Colaborou Daiane Nunes)
FIDELIDADE: DECISIVA PARA 2010
Com a instituição de fidelidade partidária, as eleições municipais deste ano terão peso decisivo nas eleições de governador, em 2010. Isso, evidentemente, na hipótese de a proibição perdurar pelos próximos dois ou três anos. É esse o entendimento de políticos e de cientistas políticos. Quem tiver pretensão de disputar cargo majoritário (governador e senador) em 2010 terá de se preocupar em eleger o maior número possível de prefeitos e vereadores, para sedimentar uma base eleitoral forte. Afinal, eles exercem peso fundamental nas campanhas. Com a fidelidade, cai por terra a prática de prefeito ficar saltando de galho em galho em época de eleição, sob pena de ter o mandato cassado.
Para o professor de Ciência Política da UFG, Servito Menezes, se os políticos realmente acreditarem na continuidade da fidelidade, certamente estarão preocupados em eleger um número de prefeitos e vereadores muito maior do que normalmente ocorria. Servito, no entanto, observa que a fidelidade só tem chance de prevalecer no sistema eleitoral se for instituída também a vinculação do voto, como ocorreu até as eleições de 1982. “Sem voto vinculado, não tem como prevalecer à fidelidade partidária”, avalia.
O também cientista político Luiz Carlos Rabelo prevê que, caso a fidelidade partidária caminhe para ter vida longa – no que ele não acredita –, quanto maior for o número de prefeitos eleitos por um partido, maiores serão as chances de sucesso do candidato a governador que ele lançar. “Sem as tradicionais adesões de prefeitos em época de campanha eleitoral, só terá qualquer chance de sucesso numa disputa pelo governo, o candidato que tiver expressiva base de prefeitos e de vereadores”, acredita.
Na avaliação do presidente do diretório estadual do PSDB, deputado Leonardo Vilela, o apoio dos prefeitos e dos vereadores tem grande peso na campanha dos candidatos a governador. Acrescenta, no entanto, que mesmo não sendo detentor de cargo eletivo, há casos em que determinadas lideranças exercem até mais peso numa eleição do que prefeito e vereadores.
O deputado prevê que os partidos da base aliada elegerão entre 180 e 200 prefeitos. Acha que o PMDB tem condição de eleger um número expressivo de prefeitos que, somados a outros do PT, deixará a oposição fortalecida nessas eleições.
Presidente do diretório regional do PMDB e prefeito de Catalão, Adib Elias também avalia que a fidelidade vai impor sobre as eleições municipais de 2008 um peso decisivo nas eleições estaduais de 2010. “Sem o apoio de um expressivo número de prefeitos e de vereadores, qualquer candidato a governador tem muita dificuldade de fazer campanha”, admite. (Divino Olávio)
GILVANE EVITA FALAR DE CRISE COM PPS
A decisão a cúpula do PPS em não se engajar na campanha do prefeitável Gilvane Felipe, tem provocado cada dia mais desgaste. Mais que isso, tem causado desconforto. Isso ficou claro no debate promovido pela Rádio Difusora e Arquidiocese de Goiânia, na quinta-feira. O prefeito Iris Rezende (PMDB), que disputa a reeleição, indagou como ele faria, se eleito, para ter uma base consolidada na Câmara de Goiânia, considerando que sequer tem o apoio do seu partido. Gilvane se limitou a afirmar que recebeu em convenção apoio da maioria do PPS.
À imprensa, o prefeitável, visivelmente irritado, evitou comentar o assunto. “Isso é assunto para depois das eleições”, reagiu. “Não vejo interesse em continuar esse debate. O partido tomou uma posição unificada e unânime, aprovada em convenção”. Para ele, quem desrespeita a orientação partidária está incorrendo em infidelidade, mas disse que não cabe ao candidato se pronunciar sobre o assunto, mas sim a legenda. Sobre a posição da presidente estadual do PPS, Linda Monteiro – que declarou que não apóia a sua candidatura –, Gilvane acha que a pergunta deveria ser dirigida a ela. Lembrou que a dirigente liderou processo de cassação do mandato de dois vereadores que trocaram o partido pelo PMDB.
Sobre possível intervenção em Goiás pelo diretório nacional, o candidato do PPS disse que prefere discutir os problemas de Goiânia e que as questões referentes ao partido devem ser resolvidas pela direção. “Não me interessa a posição deste ou daquele dirigente. Me interessa a posição do partido e a posição da nossa candidatura”. (Venceslau Pimentel)
MARTINIANO APOSTA NA CONSTRUÇÃO DE CASAS
O candidato a prefeito Martiniano Cavalcante (PSol) aponta três saídas para a geração de emprego em Goiânia, e que constam de seu programa de governo. De início, se compromete a construir, caso seja eleito, 50 mil casas em quatro anos, como forma de zerar o déficit habitacional.
Apesar de considerar a proposta viável, seu cumprimento depende da inversão de prioridades por parte da Caixa Econômica Federal (CEF) que, segundo estima, liberou R$ 2,3 bilhões para a construção de imóveis destinados a classe media. “Queremos mobilizar os sem-teto e sindicatos, pois isso vai gerar dezenas de milhares de empregos”, aposta.
A segunda proposta é voltada para a redução da carga tributária para micro e pequenos empresários e profissionais liberais. Cavalcante considera os impostos cobrados pela Prefeitura escorchantes, difíceis de serem arcados por aqueles que trabalham com dificuldades. (Venceslau Pimentel)
AGENDA DOS CANDIDATOS
Goiânia
IRIS REZENDE – Coligação “Goiânia em Primeiro Lugar”
Não enviou agenda
SANDES JÚNIOR – Coligação “Goiânia: a cidade da gente”
9h – Gravações de programa de campanha.
17h30 – Lançamento da candidatura do candidato a vereador e presidente do PTN Jovem Igor Arruda. Setor Fama.
MARTINIANO CAVALCANTE – Frente de Esquerda “O Poder em suas Mãos”
4h – Faz caminhada na Feira Hippie
12h às 14 – Reunião com candidato a vereador e apoiadores na Chácara Araguaia e na Chácara Princesinha 2
GILVANE FELIPE – Coligação “Goiânia em Movimento”
Não enviou agenda
Aparecida de Goiânia
MAGUITO VILELA – Coligação “Aparecida – Aliança Para Mudar”
8h30 – Visita a feira na Cidade Livre
10 às 11h30 h – Reunião com lideranças políticas no Jardim Euvécia, Conjunto Planície e Centro
15 h – Reunião com populares no Jardim dos Ipê,
19 e 20 h – Reunião com lideranças políticas no Mansões Paraíso e Parque Trindade
MARLÚCIO PEREIRA – Coligação “Nossa Gente é Nossa Força”
7h – Visita à feira da Cidade Livre
9 e 15h – Reunião com candidatos a vereador nos Setores Papillon Park e Santa Luzia
20h – Visita à feira noturna do Jardim Tiradentes
Trindade
JÂNIO CARLOS – Coligação “Trindade não pode parar”
Não forneceu a agenda
RICARDO FORTUNATO – Coligação “União Popular Trindadense”
9h – Caminhada na feira do centro
12h – Reunião com empresários
20h – Comício na parte central da cidade
ALEXANDRE CÉSAR – Coligação “Amor a Trindade”
9h – Visita no Conjunto Dona Iris 2
20h – Reunião com lideranças no Conjunto Dona Iris 2