Contra-razões às "13 razões para assinar o apoio à 11-50 do Fórum Goiano em Defesa do Cerrado"
Contra-razões às "13 razões para assinar o apoio à 11-50 do Fórum Goiano em Defesa do Cerrado" (Diário da Manhã, 18/08/2008)
Da Redação
Nº 1 – A identificação com a caatinga é expediente propagandístico com a intenção de misturar duas realidades inteiramente distintas. De um lado o Cerrado, cuja subfertilidade pode ser convertida em fertilizante e até superfertilidade com a dieta técnica da adubagem (calcário, hidrogenado, fosfatados, anti-silicos e queijandos). Enquanto a caatinga, de solo rachado pela insolação, expõe a escassez de chuva ou efeito do fenômeno da seca. Identificação para que a efetiva vulnerabilidade da caatinga facilite o uso dos argumentos da seca também contra a utilização agrícola do Cerrado, que se baseia na plantação necessária da lavoura de trigo, da lavoura de soja, a lavoura de açúcar, da lavoura do sorgo (forragem), da lavoura do milho, da lavoura do arroz, da lavoura do feijão, da lavoura da cana; ou seja, a camada vegetal da arbustagem ou da vegetação não florestal transformada na vegetação das plantações renováveis (de safra em safra consoante o ano agrícola).
Nº 2 – Dedicado à caatinga a fim de frisar o "risco de desertificação". O homem, com sua ação, destruiu 15% a 20% do bioma (conjunto de seres vivos – inclusive o homem) da região. Propugnamos pela transformação do Cerrado (pequena floresta, savana, planície, planalto) em camada vegetal de plantações (lavouras renováveis dentro dos princípios da agricultura moderna com adubagem, mecanização, redes fluviais, malhas de canais, gestão administrativa com megaprodução de grãos e megaprodução de biocombustível - metanol (metal mais álcool), matas ciliares, indústria bioquímica, quejandos... em lugar da mera posse predatória da terra).
Nº 3 – Desmatamento do Cerrado duas vezes maior que o desmatamento da Amazônia. Aqui, ao contrário do nº 1, não se faz identificação do Cerrado com a Amazônia. As "razões" perceberam o desarrazoado desta identificação, porque seria absurdo propor a florestação amazônica do Cerrado. Pois uma realidade é o Cerrado (savana, planalto, arbustagem, pequenas árvores) e outra realidade é a Floresta Amazônica com árvores amazônicas, como a Mata Atlântica. A arbustagem, as pequenas árvores, mesmo as de cerradão, são substituídas por plantações de trigo, de cana-de-açúcar, de soja, de feijão, de arroz, de sorgo, de milho. A substituição, do ponto de vista agrário, se efetiva com a saída da camada vegetativa anterior ou precedente (a do Cerrado originário), pela camada vegetativa sucessora, ou seja, a das plantações como se pratica na terra desde os tempos milenares de Hesíodo. As plantações implantarão o mais sagrado dos biomas, ou seja, o conjunto, para alimento e de biocombustíveis (como matéria-prima) para subsistência, sobrevivência, perpetuidade telúrica do ser vivo, em sua infinita subjetividade como indivíduo da espécie humana criadora do mundo e não meramente reprodutiva.
Nº 4 – Gostaríamos de compulsar estatísticas verazes ou objetivas sobre o percentual de oitenta por cento (80%) do carvão vegetal consumido no Brasil que "vem das árvores do Cerrado". Aqui destacamos o propagandismo escandalizante do embarco ecológico às plantações e às cidades: sempre, sistematicamente, atacamos o "merchandising" dos ecologistas "enrajés": por que não desfecharam seus espetáculos de nudismo para chamar atenção contra "bocas do inferno" que são as fornalhas onde se queimam árvores para produzir carvão vegetal? A explicação salta aos olhos aí (o número 4 de suas "razões" dá a explicação complementar).
Nº 5 – O Álcoolcer, em suas teses sobre o procerrado e o pró-álcool, já incluía o "berço das águas" como fundamentos de suas projeções da produção de grãos e da megaprodução de combustíveis (produções em escala) capazes de nos evoluir rumo à quinta potência econômica do Globo (não se trata do Elogio à Loucura, de Erasmo de Roterdam). Por que o álcoolcer é indicação perspectivista de plano quadrienal, múltiplo em seus objetivos essenciais.
Nº 6 – Quando as "razões" oferecerem uma descrição e justificativa menos esotéricas do "Aquífero Guarani" e a localização precisa de suas "áreas de recarga", nós nos manifestaremos analiticamente a respeito.
Nº 7 – As águas do Cerrado, geograficamente, se interligam com afluentes magnos da maior bacia hidrográfica da Terra, que é a Bacia Amazônica, e se conectam, através do grande rio sul que é a fronteira meridional do Estado de Goiás, com a Bacia do Prata, localização dada pela Providência Divina (segundo o sonho de Dom Bosco) e que, obrigatória e fatalmente, determina a sorte da "matriz energética brasileira" (óbvio ululante)...
Nº 8 – Em o número 1 alertamos contra o truque propagandístico (afinal a mídia em nossos dias é tão superpotente como a Opep – o cartel petrolífero que, em um dia de vinte e quatro horas, abala ou pode abalar o Globo...), sim, advertimos ante o truque de acasalar Cerrado e caatinga para contra-argumentação em bloco ou pacote. Quanto ao Cerrado, em si e por si, o Álcoolcer aponta como é vitalíssimo (superlativamente falando) para a economia brasileira e para a transferência do eixo axial da economia PIB nacional para o Centro-Oeste da pátria, para a marcha acelerada rumo ao pleno emprego, para o aproveitamento sólido, continuado e cumulativo dos recursos naturais aqui depositados desde que o Criador criou, à sua "imagem e semelhanças", o homem e a mulher (Gênesis, I).
Nº 9 – Com uma vaga generalização (pouco estudado o Cerrado), afirma-se, em contraposição com a Amazônia e a Mata Atlântica, que a biodiversidade do Cerrado é uma das maiores do "planeta" e que o Cerrado é o bioma exclusivo da mesma. A propósito da biodiversidade é necessário, a) incluir nela uma espécie exclusiva, que é a espécie humana, a forma mais elevada de vida, que se pretende evoluir para, geometricamente, milhões a mais de habitantes na região do Cerrado como base básica (desculpe o pleonasmo intencional) da muralha humana que, em movimento de flanco, protegerá a Amazônia, advinda esta multiplicação geométrica da população humana com a megaprodução de grãos e a megaprodução de biocombustível, em função da liderança que assumirá no planeta globo (perspectiva que sai da esfera da utopia meramente fantasista), de uma vez o que o Brasil tem coisa ou armação continental para multiplar sua demografia atual (o Brasil é um continente América do Sul); b) a Amazônia e a Mata Atlântica, esta apesar da "razão" 10 (infra), dentro da teoria evolucionista de Darwin, comportam a absorção de quaisquer outras bio-diversidades não humanas (vírus da malária, vírus da doença de chagas, trilhões de insetos, mané pelados, lobos, sussuaranas, etc., etc...); os ipês roxos, as flores silvestres, as ramagens decorativas, etc, etc... têm o quinto maior espaço geográfico do planeta para ocupar jardins botânicos, zoológicos, campos experimentais, acostamentos arborizados de BRs, estradas, parques e campos de vôo, etc., etc... jardins internos de cidades (das quais Goiânia é, graças a Atílio Correia Lima, o genial previsor, que é, talvez, a mais arborizada da terra brasileira); Brasil tem arcabouço para meio milhão de habitantes... (esta é a mais perenizadora das biodiversidades) e nem por isso, tropicalmente, deixaremos de promover a nossa indústria do turismo com oito mil quilômetros de costas praieiras. O único esboço de "razões" que as 13 razões apresentam é, precisamente, um dos que mais legitimam a espinha dorsal destas "contra-razões".
Nº 10 – Ao defendermos a potencialização econômica do Cerrado, este que abriga em si estas possibilidades ilimitadas, potencialização produtiva e não destrutiva, de chuva de ouro econômica e não de seca (como a caatinga), defendemos o homem e a mulher brasileiros, as de hoje e as de "perfominia secula seculorum". Em conseqüência lógica; a) repelimos as bocas do inferno que consomem na caldeira as árvores para fazer carvão vegetal; b) condenamos a devastação da Mata Atlântica; c) reafirmamos a defesa da Amazônia em sua integridade físico-geográfica. Quando o Brasil subir ao nível de quinta potência do Globo, com o pleno emprego de seus recursos criadores e transformadores, a tecnologia enfim cuidará de aproveitar a potencialidade de meios utilizáveis da maior bacia hidrográfica do Globo (teremos renda líquida e poupança para inversões maravilhosas (estas, sim), mais numerosas que as cinco maravilhas da antiguidade.
Nº 11 – A previsão derrotistas, ao menos a que se refere ao Cerrado, se dilui ante a perspectiva animadora e otimista que lastreia estas "contra-razões", o ecossistema e os biomas respectivos prestarão ao alvo supremo da biodiversidade (que é o homem e a mulher brasileiros, e, por intermédio destes, o homem a mulher da humanidade) a oportunidade de um ex-salesiano do futuro refletir sobre a milagrosa previsão de São João Bosco, a quem Kubitschek erguei uma ermida em Brasília, a capital do Brasil centrada no Centro-Oeste nacional: nos paralelos 22 e 23, o santo educador defrontou com a terra do leite e do mel (símbolos da fertilidade, da abundância e.. da bem-aventurança terrestre).
Nº 12 – A REC 115-50 – que engessa, imobiliza e retifica o Cerrado – cria, propagandisticamente, um "patrimônio da humanidade" que, "premissa máxima vênia", será um crime contra a humanidade com a paralisação e defuntação das possibilidades incríveis do Cerrado.
Nº 13 – A razão número 13 é uma armadilha astuciosa dos malabaristas parlamentares para, ao fingir que apóiam o desenvolvimento, tirar vantagem no presente à custa do futuro progresso do Brasil.
Finalmente uma desculpa pessoal endereçada ao eminente vice-reitor da Universidade Federal de Goiás e aos professores da Universidade Católica de Goiás, para cuja fundação contribuímos como professor catedrático (terminologia da época) da Universidade Federal de Goiás, cujo primeiro reitor foi o professor doutor Colemar Natal e Silva. Lastimamos profundamente divergir das suas assinaturas no folheto que se distribui pelas esquinas desta Goiânia de quase dois milhões de habitantes. Perdoe-nos: não polemizamos, apenas advertimos sobre a perda quase irreversível desta oportunidade de converter a quinta potência geográfica do mundo na quinta potência econômica do Globo (para começar...). O trem a história apita na encruzilhada do epicentro do Centro-Oeste. Vamos embarcar?
José Augusto Pereira Zeka
é advogado