Jovens de baixa renda chegam à universidade
Jovens de baixa renda chegam à universidade (Jornal Hoje, 19/08/2008)
Liana Aguiar
Pedro Guimarães Porto, 20, conseguiu realizar o sonho de chegar ao ensino superior. Calouro de Medicina na Universidade Católica de Goiás (UCG), o rapaz conta que só faz o curso graças à bolsa integral adquirida por meio do Programa Universidade Para Todos (ProUni). “Sem a bolsa, eu não teria condições de pagar uma mensalidade de cerca de R$ 3.300”, justifica o estudante. O ProUni, ao lado da implantação do sistema de cotas sociais em algumas instituições públicas e da maior oferta de vagas, permitiram, entre 2004 e 2006, um aumento de 49% na proporção de universitários com renda familiar de até três salários mínimos por mês, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE).
Filho de diarista, Pedro fez o ensino médio em escola pública e diz que a renda da família é menor que um salário mínimo por pessoa. O rapaz tinha medo de não conseguir freqüentar uma faculdade. “Pensava em fazer Medicina, mas tinha medo de não chegar aqui, por não ter condições financeiras. Não tinha como me bancar e não poderia trabalhar”, diz, sobre o curso, que é integral. Em contrapartida, Pedro deverá manter a freqüência e boas notas. O que parece não ser difícil para o jovem destaque no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no qual ficou em 31º lugar.
Desde 2005, o ProUni já ofereceu mais de 15 mil vagas para estudantes de Goiás, entre bolsas parciais e integrais. O número deve aumentar, agora que o Fies, programa de financiamento do governo federal, também está com inscrições abertas para quem já está no ProUni.
Além dos programas de bolsa e financiamento dos governos federal e estadual, também teve impacto positivo no cenário do ensino superior a implantação de cotas sociais em universidades como a Estadual (UEG) e a agora a Federal de Goiás (UFG). Hoje, 45% das vagas da UEG são reservadas para candidatos oriundos de escolas públicas, negros, pessoas com necessidades especiais e indígenas. Já a UFG divulga hoje o edital do próximo vestibular, que terá uma reserva de 20% para cotas sociais e raciais.
Maria Salete da Trindade Rebelo, diretora do Núcleo de Seleção da UEG, comenta que as políticas afirmativas, como o sistema de cotas, colaboraram para que mais pessoas pudessem ingressar em uma instituição de ensino superior pública. Ela observa que, antes disso, a universidade no Brasil era bastante elitista.