Polêmico, sistema de cotas recebe elogios
Polêmico, sistema de cotas recebe elogios (O Popular, 20/08/2008)
Patrícia Drummond
Representantes dos estudantes, professores e movimento negro ouvidos pelo POPULAR avaliam de forma positiva a implantação do sistema de cotas sociais e raciais na Universidade Federal de Goiás (UFG). Eles acreditam, no entanto, que esse é apenas um primeiro passo.
“Em relação à proposta original, apresentada no início do ano passado, houve um avanço significativo”, declara Leandro Viana de Almeida, de 22 anos, aluno do curso de Ciências Sociais e membro da diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFG. “Anteriormente, foi proposto um sistema de bonificação, a exemplo do que ocorre na Unicamp, que, de modo algum, garante esse acesso à universidade aos estudantes da rede pública”, acrescenta.
Na opinião do representante do DCE, a reserva de vagas é o modelo de ação afirmativa que, nesse caso, mais contribui para reduzir, de fato, as desigualdades.
Para Alex Ratts, professor de Geografia e do mestrado em Antropologia e coordenador do Núcleo de Estudos Africanos e Afrodescendentes da UFG, a reserva de vagas vai mudar a cara da universidade. “Os estudantes negros e de escola pública finalmente vão ganhar representação em cursos mais concorridos e oferecidos no período matutino”, avalia o professor.
Membro do Coletivo de Estudantes Negros Beatriz Nascimento – que inclui secundaristas e alunos de instituições públicas e particulares de ensino superior –, Lorena Francisco de Souza, de 24 anos, acredita que o ganho foi enorme, já que apenas a Universidade Estadual de Goiás (UEG) adota, hoje, o sistema. “O que é necessário ter em mente é que é um processo gradativo. Os porcentuais de vagas ainda são pequenos, mas, felizmente, já é um começo”.
Lorena diz que o grupo pretende atuar em parceria com a UFG na divulgação do novo sistema seletivo, para que os estudantes da rede pública tenham acesso a informações corretas. “Ainda há temor em optar pelas cotas por medo de uma possível discriminação dentro da universidade. É preciso acabar com a idéia de que se trata de um privilégio”.