Portas fechadas por um dia em protesto

Portas fechadas por um dia em protesto (Jornal Hoje, 22/08/2008)

Wanessa Rodrigues

Cerca de 3 mil pacientes deixaram de ser atendidos ontem no Hospital das Clínicas (HC) em Goiânia em função da paralisação dos servidores técnico-administrativos. Os funcionários pararam por 24 horas como forma de protesto ao projeto do governo federal que transforma os Hospitais Universitários (HUs) em fundações estatais de direito privado. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 92/07 está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O movimento foi realizado em 46 hospitais do País. Na Capital, os atendimentos de urgência e emergência não foram prejudicados.

O coordenador de administração do sindicato dos trabalhadores técnicos administrativos da Universidade Federal de Goiás (Sint-UFG), João Pires, explica que o projeto desvincula os HUs das universidades. Com isso, segundo ele, os hospitais perdem suas principais características, que são de ser uma extensão das universidades, prestarem assistência ao ensino e à pesquisa. Pires afirma que, tornando-se fundação, passa a prevalecer nos hospitais a assistência à saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “A intenção com essa paralisação é demarcar posição contrária ao projeto”, diz.

A diretoria do HC, por meio de sua assessoria de imprensa, informou ontem que os pacientes de primeira consulta que não foram atendidos podem procurar o Serviço de Atendimento Médico (Same) para remarcar horário. Já os pacientes que tinham consultas de retorno ou de rotina terão de passar novamente pelo ambulatório. Esse é o caso da dona de casa Cleuza Ribeiro, 54. Ela veio de Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia, para passar por atendimento com nutricionista, mas encontrou as portas do hospital fechadas.
Cleuza ressalta que a paralisação adiou um pouco mais o sonho de passar por uma cirurgia de redução do estômago (bariátrica). Ela conta que há mais de um ano luta para conseguir o procedimento e, ontem, estava com os últimos exames em mãos para marcar atendimento com um cirurgião. A dona de casa marcou a consulta de ontem há dois meses e diz que agora só poderá entregar os exames daqui a cerca de um mês. “Para mim foi uma decepção. Terei de voltar na próxima quinta-feira somente para marcar consulta e, depois, esperar mais uns 30 dias para ser atendida”, diz.