ENEM vai dar acesso a mais de 500 universidades
ENEM vai dar acesso a mais de 500 universidades (Jornal Hoje, 30/08/2008)
Wanessa Rodrigues
Mais de 500 universidades de todo o País, entre públicas e particulares, usam as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério para acrescentar pontos em processos seletivos ou até mesmo como critério único de seleção. A partir do próximo vestibular (2009-1), a Universidade Federal de Goiás (UFG) passa também, a exemplo de outras universidades do Estado, a utilizar a nota obtida no exame nacional como um dos critérios para o ingresso do aluno da instituição. O Enem será aplicado amanhã, às 13 horas, em mais de 1.400 cidades do Brasil. São mais de 4 milhões de inscritos, dos quais 125.327 em Goiás.
Os critérios para utilização da nota obtida no Enem variam. O edital do vestibular 2009-1 da UFG informa que o candidato pode aproveitar, para a primeira fase da seleção, a nota de Conhecimentos Gerais obtida no Enem em 2006 ou 2007. Conforme o edital, só poderá ser aproveitada a nota de um dos dois exames e, além disso, a nota da prova de redação do exame nacional escolhido não poderá ser zero. O resultado será obtido por meio de uma fórmula, que inclui nota e pontos obtidos na primeira fase do processo seletivo.
A pró-reitora de graduação da UFG, Sandramara Matias Chaves, explica que a utilização da nota do Enem é mais uma das formas de promover a inclusão de alunos de escolas públicas na universidade. “Acredito que a utilização do Enem como um dos critérios de seleção é uma forma de democratizar o ingresso do aluno na universidade e, além disso, promover a inclusão. Estudos mostram que esse exame contribui para a inclusão de estudantes de escolas públicas”, diz.
A oportunidade de conseguir uma vaga no Ensino Superior com o auxílio da nota do Enem fez com que o estudante Júlio César de Pinho, 18, que cursa o último ano do Ensino Médio, se dedicasse ainda mais aos estudos. Ele conta que, desde o início do ano, a escola onde estuda prepara os alunos para o exame. Além disso, ele reforça o aprendizado em casa, durante cinco horas diárias. “O Enem abre portas para as pessoas que não têm condições de estudar em uma universidade particular, assim como eu. Além disso, traz mais oportunidade para os alunos ingressarem em um bom curso”, diz.
Júlio César conta que a intenção é fazer a prova do Enem para usar a nota obtida como mais um recurso para entra na faculdade. Seu desejo é cursar Publicidade e Propaganda em Goiás ou em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O estudante diz ainda que intensificar os estudos para o Enem vai ajudar também no preparo para o vestibular. “Estou confiante que vou conseguir uma boa nota e vou entrar em uma boa faculdade”, diz.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) informa que o número de instituições que utiliza o Enem como referência pode ultrapassar 500. Isso porque as universidades e faculdades não são obrigadas a informar ao Ministério da Educação (MEC) que usam este recurso. Em Goiás, não há estatística de quantas instituições utilizam a nota do exame como critério de seleção ou como única forma de ingresso no ensino superior.
Diversidade
O superintendente do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação (SEE), Marcos Elias Moreira, ressalta que a política para ingresso no Ensino Superior deve ser de diversidade. Por isso, a adoção de mecanismos diferentes do vestibular, a exemplo avaliação do Enem como mais um critério nos processos seletivos, traz resultados positivos. “Se focarmos a prova em um único momento do estudante, o resultado pode não ser o equivalente ao seu desempenho real”, explica.
Marcos Elias observa que a prova do Enem, por ter característica interdisciplinar, exercita a capacidade de raciocínio, interpretação e articulação do aluno. Ao contrário de muitos vestibulares, a prova do exame nacional não é dividida por disciplinas, mas procura reunir conhecimentos de diversas áreas em uma mesma questão, relacionando-os. “Há uma preocupação das universidades em aplicar provas como esta (do Enem), que o aluno interpreta e articula informações para chegar a uma conclusão.”