Professora diz que estudo precisa ser aprofundado

Professora diz que estudo precisa ser aprofundado (Diário da Manhã, 07/09/2008)

A professora da Universidade Federal de Goiás e doutora em genética Elisângela Lacerda explica que questões sobre genética do comportamento ainda precisam ser aprofundadas.

“É possível adiantar que a pesquisa merece seriedade por ter sido publicada em uma revista científica importante.” Para ela, é essencial que pesquisas como essa sejam mais avaliadas para que falsas premissas se tornem determinantes no comportamento humano. Elisângela avalia que em Goiás, por exemplo, estudos sobre genética do comportamento são escassos e ainda recentes.

O psicólogo Jorge de Lima é categórico ao dizer que a traição não é um fator genético, mas sim circunstancial. Ele afirma, por exemplo, que 50% do comportamento e atitudes humanas estão ligados aos fatores genéticos, e o restante, às condições socioeconômicas e socioculturais. “A traição está ligada aos fatores externos. Ela depende da ocasião, das fantasias sexuais, carência, crise no relacionamento.”

Ele conta que esse estudo pode ser uma forma de tirar a culpa da infidelidade do homem no relacionamento, e transportá-la para a genética. “É preciso que os cientistas e especialistas em geral se preocupem da mesma forma com estudos sobre comportamento humano, do que justificar seus atos somente com a genética”, afirma.

O neuropsicólogo e sexólogo Humberto Giglio também segue a mesma linha de pensamento do psicólogo. Ele não acredita que a infidelidade humana seja apenas um fator genético. O especialista explica que os homens traem por questões sexuais. Já as mulheres, por questões afetivas, como carência.

Ele alerta que o estudo abre caminho para que as pessoas caiam no senso comum. “Eu traí porque está na minha genética”, se tornariam as justificativas mais comuns entre os infiéis.

A universitária Laís Teixeira Rodrigues, 21, faz parte do grupo de pessoas que abominam a infidelidade e acreditam no relacionamento monogâmico. “Para mim essa pesquisa serve para isentar a culpa dos infiéis. Agora eles vão colocar a culpa na genética por terem traído?”

Antônio Ferreira Pacheco Neto, 20, também não concorda com a pesquisa. Ele acredita que a traição está mais ligada aos fatores externos e à criação que o indivíduo teve durante a infância e adolescência. “Para mim, a genética não influencia em nada. Isso vem de cultura, do caráter que a pessoa adquiriu com os pais, amigos”, ressalta.