Coração mata mais que violência
Coração mata mais que violência (Jornal Hoje, 24/09/2008)
Taís Lacerda
As doenças cardíacas, como hipertensão, por exemplo, matam mais que assassinatos e acidentes em Goiás, segundo informa a gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Magna de Carvalho. “Quase 30% dos óbitos registrados em 2005, último ano que temos estatísticas totalmente fechadas, foram decorrentes de doenças relacionadas ao coração. Em segundo lugar vêm as mortes relacionadas a acidentes de trânsito e homicídios, representando 16% do total, e em terceiro as doenças relacionadas a todos os tipos de câncer, que somam 13% das mortes”, afirmou a gerente.
Em Goiás, só com internações de doentes cardiovasculares, o governo gastou mais de R$ 45 milhões, em 2005. Este valor representa aproximadamente 21% do total gasto com internações relativas a todas as doenças, no mesmo ano, conforme registro do DataSus. No Brasil, de acordo com pesquisa realizada pelas sociedades brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia, em 2005 aconteceram mais de 1 bilhão de internações causadas por males do coração, que custaram US$ 1.320 bi, pagos pelo Estado, planos de saúde e pacientes da rede particular do País.
Os números relativos ao avanço das doenças cardiovasculares no Brasil foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) como alerta a ser feito no Dia Mundial do Coração, comemorado dia 28 próximo. A campanha por melhoria de hábitos alimentares defende a adoção de um estilo de vida mais saudável, que, além de controlar a saúde e evitar males como a hipertensão, diminui os gastos públicos e particulares.
O doutor em Cardiologia Abrahão Afiune Neto, professor de Medicina na UFG, explica que os fatores de risco cardiovascular são predisposição genética, idade e sexo, alimentação rica em gordura saturada e falta de exercícios. “Estes riscos geralmente atuam de forma combinada. Além do fator genético, fatores ambientais, como obesidade, tabagismo e sedentarismo contribuem para a ocorrência destas doenças”, afirmou.
PROBLEMAS
A pressão alta pode promover alterações estruturais no ventrículo esquerdo, com ou sem isquemia coronária, contribuindo para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca. Em pacientes com mais de 65 anos, a hipertensão é a primeira causa de internação no Brasil, segundo o DataSus.
Mas este mal não atinge apenas os idosos. Aos 31 anos, o engenheiro civil Douglas Conforti já é hipertenso. Por isso, aboliu de sua vida o fast-food. “É muito importante controlar a alimentação. Prefiro comer muita verdura, fruta, pouca massa, gordura e proteína. E sempre com pouco sal.”
Seu colega, o estagiário em engenharia Cristiano Campos, 21 anos, não segue a mesma receita: “Como sanduíche e batata frita praticamente todo dia. Não tenho tempo para almoçar, só lá pelas 16 horas consigo me alimentar. E neste horário, o que resta é lanche”, explica.
O cardiologista Abrahão Afiune ensina as regras para não adoecer: “O paciente tem que adotar hábitos alimentares saudáveis. Isso é importante para prevenir hipertensão arterial. Mas não é o único passo. Há que se evitar o estresse, fazer exercícios regularmente, manter o peso adequado, reduzir o consumo de sal, moderar o de álcool, cortar o tabagismo, controlar o consumo de gorduras, dando preferência para as insaturadas, e incluir alimentos ricos em potássio na alimentação diária”, recomenda. (Taís Lacerda)
FAÇA ISSO
– Meça a pressão pelo menos uma vez por ano
– Pratique atividades físicas todos os dias
– Mantenha o peso ideal, evite a obesidade
– Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes
– Reduza o consumo de álcool. Se possível, não beba
– Abandone o cigarro
– Nunca pare o tratamento, é para a vida toda
– Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde.
– Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer