Mudança boa para as editoras
Mudança boa para as editoras (Jornal Hoje, 01/10/2008)
Mário Dáud
A partir de janeiro de 2009 estarão em voga as mudanças de acordos ortográficos na língua portuguesa. A alteração se deu oficialmente nesta segunda-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto estabelecendo o cronograma de implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no País. O intuito da medida é padronizar a ortografia entre os países da língua portuguesa. Contudo, a professora de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG) Tânia Rezende Santos afirma que as mudanças irão interferir mais no mercado editorial do que a população em si.
Além do Brasil e Portugal, existem outros países que utilizam oficialmente a língua portuguesa, como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste. Contudo, o Brasil será o primeiro país a implementar as regras oficialmente. As alterações entrarão em vigência a partir de 1º de janeiro de 2009, com um prazo de conclusão até o início de 2013. Contudo, nesse período de quatro anos de transição serão aceitas as duas formas.
As mudanças mais significativas estão relacionadas à acentuação de palavras, incluindo a extinção do trema (sinal ortográfico que já foi extinto do português de Portugal). Somente serão aceitos tremas na grafia de termos estrangeiros e derivados, como “Müller” e “Hübner”. Seguindo o exemplo de Portugal, paroxítonas com ditongos abertos “ei” e “oi” (como “idéia” e”heróico”) deixam de levar o acento agudo. O mesmo ocorre com o “i” e o “u” precedidos de ditongos abertos, como em “feiúra”. Também deixa de existir o acento circunflexo em paroxítonas com duplos “e” ou “o”, em formas verbais como “vôo”, “dêem” e “vêem”.
No entanto a professora de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG) Tânia Santos diz que “haverá pouca interferência na língua portuguesa, visto que é uma mudança de acordo ortográfico. A língua mesmo não sofre mudanças, pode haver interferência na escrita, mas não são alterações significativas”.
INTERNACIONALIZAÇÃO
Tânia Santos diz que as mudanças irão trazer vantagens para os editores, “visto que a indústria editorial terá um campo maior para atingir. Existe a possibilidade de abertura da ampliação de negócios do mercado editorial. O mesmo livro editado no Brasil pode ser vendido em todos os países de língua portuguesa. É um acordo mais econômico do que lingüístico”. Quanto aos sinais como hífen e trema, a professora alega que as influências serão, da mesma forma, pequenas, “pois quase ninguém emprega hífen e trema. As novas regras irão apenas cumprir um papel de oficial, apenas”.
Outra novidade é a inclusão de letras como “k”, “y” e “w”. A unificação na ortografia não será total. Já paroxítonas e oxítonas que contam com entonações diferentes entre brasileiros e portugueses (com inflexão mais aberta ou fechada) serão acentuadas distintamente; no Brasil com acento circunflexo e em Portugal com acento agudo.