Cisterna aquece água a 45 graus

Cisterna aquece água a 45 graus (Diário da Manhã, 14/10/2008)

Moradores do povoado de Novo Planalto (a 15 quilômetros do município de Firminópolis) quebraram a rotina na última semana, depois da notícia de que a água de uma cisterna está aquecida a 45ºC sem motivo aparente. A alteração na água gerou preocupação na comunidade de 600 habitantes, que teme pela qualidade da água. Em fevereiro deste ano, outra cisterna apresentou o mesmo fenômeno.

O dono da cisterna, José Neto da Silva, afirma que tudo começou na manhã da última quarta-feira, 8. A água, conta, seria usada para preparar cimento usado na reforma da casa. “Eu liguei a bomba e a água estava quente”, conta. Vizinhos mediram a temperatura e constataram que ela estava a 48ºC , três a mais do que na sexta-feira, 10, quando o Diário da Manhã esteve no povoado.

No início do ano, o comerciante João José Batista da Silva mediu 64ºC na água da cisterna de casa, a 400 metros do lote de José Neto. Na ocasião, ele encaminhou amostra ao Centro de Pesquisa em Alimentos (CPA) da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (EV-UFG). A análise constatou concentração de cálcio de 9,73 mg/L, dez vezes acima do recomendável para o consumo.

A reincidência preocupou os moradores, que temem pela contaminação do lençol freático e, conseqüentemente, do poço artesiano da Saneago, a 500 metros da casa de José Neto. Aqueles que possuem cisternas, deixaram de usar a água para beber. No máximo usam para lavar roupas, vasilhas ou tomar banho.

O excesso de cálcio no organismo, conhecido como hipercalcemia, pode provocar cálculos renais (pedras no rins), anorexia, dificuldade de memorização, depressão, irritabilidade e fraqueza muscular. O consumo recomendado a adultos entre 19 e 50 anos é de um grama diário.

A assessoria de imprensa da Saneago informou à reportagem que enviará, ainda hoje, técnico para avaliar o caso. Por se tratar de cisterna, a qualidade da água não é monitorada pela empresa, mas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O Departamento Nacional informou que fará vistoria no local, mediante solicitação do morador. O geólogo do órgão, mestre em hidrogeologia, Sebastião Peixoto Filho, explicou que é difícil fazer uma análise prévia sem conhecer as condições reais do terreno da região. Ele afirma que Para isso, deve-se examinar amostra da água e verificar quais minerais dissolvidos ou que microorganismos são responsáveis pelo aquecimento. Ele descartou que cisterna seja fonte de água termal.