Mapa do assalto em Goiânia
Mapa do assalto em Goiânia (Diário da Manhã, 14/10/2008)
Centro e Campinas são as áreas preferidas pelos assaltantes que atuam em Goiânia. Locais com intensa atividade comercial e circulação de pessoas, apresentam maiores índices de furtos e roubos da Capital. Setores valorizados no mercado imobiliário também registram aumento de assaltos a residências, como Jardim América. Reportagem do DM mapeou a cidade por meio de amostragem composta por cinco bairros de diferentes regiões e elaborou panorama das ações criminosas na zona urbana.
Os locais monitorados foram determinados pela Gerência de Análise de Informações da Secretaria da Segurança Pública do Estado de Goiás (GAI-SSP). O critério adotado é a representatividade em relação às áreas da cidade onde estão situados. Balneário Meia Ponte, na região noroeste, e Novo Mundo, na leste, também foram setores escolhidos.
Entre janeiro e agosto deste ano, Centro e Campinas tiveram 421 ocorrências registradas, quase duas incidências diárias no período. E nem todas as vítimas registram os casos na polícia. As ações criminosas ocorrem principalmente em horário comercial. Vítimas mais visadas são do sexo feminino. “Bandidos ficam mais à vontade para assaltar mulheres porque acreditam ser mais frágeis”, afirma o major João Batista Freitas, do 9º Batalhão da Polícia Militar. Os objetos preferidos são bolsas e celulares.
Feira Hippie
No Centro, além das lojas, outro fator interfere nas estatísticas de assaltos do setor: a realização semanal da Feira Hippie. Durante o evento, registra-se grande parte das ocorrências de furtos e roubos. Toda região central de Goiânia é atendida somente pela 1ª Delegacia de Polícia (DP), que ainda é responsável pelos setores Sul e Aeroporto.
Na região de Campinas e Fama, os pontos que requerem mais atenção das autoridades policiais são os comércios das avenidas 24 de Outubro e Marechal Rondon. No cruzamento da Bernardo Sayão com a Leste-Oeste, o Centro Integrado de Operações Estratégicas (Cioe) da PM, responsável pelas câmeras de monitoramento espalhadas por Goiânia, flagrou o momento em que uma mulher fugia de loja com objetos furtados na bolsa. Ela foi capturada em seguida, pela polícia, com auxílio das imagens. A área é policiada pelo 5º DP, que cobre outros 10 bairros, como São José, Aeroviário e Padre Pelágio.
Considerado área nobre da Capital, o Jardim América passou por mudanças, nos últimos anos, no padrão de ocupação. Antes habitado por pessoas menos favorecidas, agora dá moradia à classe média.
O crescimento econômico e populacional do bairro refletiu no aumento de estabelecimentos comerciais e edifícios. Com isso, a incidência de assaltos registrou aumento, sobretudo em residências. De janeiro a agosto deste ano, o bairro teve 377 casos de furtos e roubos registrados pela polícia.
Expulsão
Esse fenômeno é chamado de gentrificação pelas Ciências Sociais. São processos de transformação do espaço urbano que causam expulsão de moradores tradicionais. Esses locais ganham valorização imobiliária e passam a ser visados. “Os bandidos vão aonde existem mais oportunidades para o crime acontecer”, afirma Dalva Maria Borges, professora que realiza estudos sobre violência na Universidade Federal de Goiás (UFG). A região é de responsabilidade do 20º DP, que também cobre durante a noite os setores Bueno, Nova Suíça, Coimbra e Sudoeste.
A situação dos condomínios fechados se assemelha à do Jardim América. Construídos em locais afastados do centro da cidade, fazem vizinhança a bairros desprovidos de equipamentos urbanos.
Novo Mundo e Balneário Meia Ponte são setores periféricos, onde a incidência de assaltos é recorrente. A maioria dos casos é de furtos a pedestres, pessoas em pontos de ônibus e estudantes na volta das aulas, principalmente no período noturno. Segundo Paulo Gouveia, titular do 12º DP, atualmente a média é de dois registros de assalto por semana. “As ocorrências estão dentro de padrões aceitáveis”, afirma o delegado Gouveia.