Ensinos médio e superior

Ensinos médio e superior (Tribuna do Planalto, 24/10/2008)

No Ensino Médio também não há razão para pânico. A professora de Língua Portuguesa do Colégio Visão, Seila Mar Dias Barros lembra que os brasileiros têm muito tempo para se adaptar. "Temos quatro anos de transição para que essas mudanças sejam processadas a partir de janeiro de 2009", explica. Mas no caso dos vestibulandos, o lúdico não tem vez. "A regra é decorar. Se o aluno não decora, não automatiza o processo", sentencia. Para a professora, são regras pequenas e todos os brasileiros vão ter dúvidas. A dica de Seila é sempre ter as regras em mãos e consultar os novos dicionários. Outra questão importante é sempre lembrar que até o final de 2012 os candidatos de vestibulares e outros concursos não poderão sofrer penalidades se não utilizarem as novas regras. Ela aconselha que professores e alunos sigam como padrão a publicação do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), da Associação Brasileira de Letras, guardiã do Acordo Ortográfico, que deve ser publicado em breve.

O ganho no mercado editorial é a grande vantagem do novo acordo ortográfico na opinião de Seila, que considera negativo apenas o custo econômico para as novas impressões. Já o custo emocional, na avaliação da professora, é zero. "As novas regras não têm nada de apavorante. O importante é tranqüilizar o aluno. O desgaste será diluído nestes quatro anos", assegura.

Com as novas regras, o vestibular será o alvo de maior questionamento, prevê o professor Sebastião Elias Milani, do Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG). No ensino superior, a discussão é outra. O professor Sebastião explica que ao invés de se preocupar com as novas regras, o movimento acadêmico voltou os olhos para uma análise histórica sobre os ganhos e perdas para os países. "O universitário sabe se virar. Já existe uma posição crítica, natural na universidade", completa.

A conclusão do professor Sebastião é que as novas regras não mudam muita coisa na língua portuguesa. As modificações são localizadas na grafia, a pronúncia continua a mesma. "O Brasil continua com sua escrita, assim como os outros países de língua portuguesa. O indivíduo é que vai ter de reaprender", resume. Na leitura do professor, o maior afetado beneficamente pela nova grafia é o mercado editorial, que terá as publicações unificadas. Para ele, os professores do ensino fundamental terão apenas de ajudar as crianças a reconstruírem o saber e alfabetizar as crianças com as novas regras.