Pois é, senhor prefeito!
Pois é, senhor prefeito! (Diário da Manhã, 26/10/2008)
Maria do Rosário Cassimiro
Maria do Rosário Cassimiro é educadora e escritora; ex-reitora da Universidade Federal de Goiás e da Unitins (TO); e ex-presidente da Academia Goiana de Letras e do Conselho Estadual de Educação
Passadas as eleições, hoje muito mais civilizadas do que num passado ainda próximo, quando a cidade ficava toda borrada com cartazes e papelórios de propaganda, eis aí a nossa Goiânia, embora bonita e bem tratada, cheia de problemas. Problemas que a bem da verdade nunca vão terminar, mas é necessário que continuem sendo combatidos, diuturnamente. Embora bem arborizada, a cidade vem enfrentando problemas com suas árvores, que estão, continuamente, envelhecendo e causando sérios danos às calçadas e à fiação elétrica, telefônica, além de outros estragos, sobretudo quando chove forte. E os córregos que cruzam a cidade! Muitos deles, no todo ou em parte, fazem correr a céu aberto seu líquido sujo, atraindo para seus leitos moscas, mosquitos e outros dejetos que tanto prejudicam a saúde humana. Suas margens se transformaram em depósitos de lixo, de entulhos e de esgotos residenciais de todo o tipo.
O trânsito, nem se fala. As ruas, sempre as mesmas, para comportar tantos veículos, cujo número, a cada ano, aumenta mais. As soluções vêm sendo, oportunamente, encontradas, com a aplicação de engenharias e tecnologias modernas, tais como construção de rótulas, elevados, trincheiras, viadutos, sinalizações, transformação de ruas de mão dupla em mão única e sei lá mais o quê.
Dizem que Pedro Ludovico, quando estava, com seus engenheiros e arquitetos, fazendo o traçado de Goiânia, viu-se, repentinamente, muito assustado com a largura das ruas, que, em função dos parcos recursos com que contava o Estado, haveria de encarecer muito os custos do asfaltamento. Então, determinou o estreitamento delas. Contudo, Coimbra Bueno, homem de grande visão, o construtor de Goiânia, por delegação do próprio Pedro Ludovico, antevendo o desenvolvimento da cidade que planejavam, tratou de dar às suas vias públicas, largas calçadas, na expectativa de que um dia, quando o desenvolvimento da pretensa metrópole o exigisse, algum prefeito inteligente cuidasse de estreitar as calçadas, alargando, automaticamente, as ruas.
Não sei se isso corresponde a uma verdade histórica. De qualquer modo, de agora em diante, passa a fazer parte do nosso folclore.
Eis que o momento chegou. É agora. Ponha, pois, senhor prefeito, os seus engenheiros e demais especialistas nesses assuntos a examinar a proposta do senhor Coimbra Bueno, um pioneiro que, realmente, pensou Goiânia.
Já repararam, senhores leitores, como de fato são largas as calçadas de Goiânia? Pelo menos a maioria delas, como as ruas do Centro, Rua 3, Rua 4, Rua 5, Rua 55, avenidas Tocantins, Araguaia e Goiás? Também em bairros periféricos, como Fama, Oeste e Bueno? Fica aqui, senhor prefeito, esta modesta sugestão. E ainda mais, ao estreitar as calçadas, fazendo recuar a arborização e os postes, deitar a fiação toda por debaixo do chão, acabando com essa feiúra que mais parece teias penduradas dos postes.
Já imaginaram as ruas do Centro de Goiânia mais largas e sem fiação aérea? Quão bonitas ficariam. E as avenidas Araguaia e Tocantins com duas pistas e uma fileira de palmeiras imperiais nos canteiros do meio, que beleza! E a própria Avenida Goiás, com mais umas duas pistas de rolamento de cada lado, que bom seria!
O Setor Fama possui ruas de intenso tráfego. Imaginem-nas com duas pistas ou, ao menos, mais largas...
A Avenida Anhangüera (coitada!) não tem mais jeito. As calçadas não podem mais ser estreitadas. Pistas de rolamento para carros e exclusivas para ônibus já não comportam mais modificação nenhuma. Esta, que se tornou uma feiúra, está condenada a ser, para sempre, um corredor de taperas. A única solução seria uma negociação com o “tombamento” e por meio de desapropriação de uma tira de quarteirões de ponta a ponta, da Praça da Bíblia ao Terminal Padre Pelágio, alargando-a consideravelmente e remodelando-a para se tornar um grande e belo bulevar, melhoramento que toda grande cidade que se preza tem. Aí, sim! Teríamos um grande estímulo para a tão desejada vitalização do Centro, principalmente se forem liberadas construções de prédios, residenciais e comerciais, de um lado e outro, com um máximo de dez andares cada um e com garagens subterrâneas para veículos motorizados.
Pois é, senhor prefeito. Caso sejam levadas em consideração essas modestas e respeitosas sugestões, temos trabalho para quatro anos – e até mais – para um prefeito inteligente, madrugador, visionário, tocador de obras e grande amoroso desta capital, candidata a se tornar a melhor do Brasil.
Maria do Rosário Cassimiro é educadora e escritora.
Ex-reitora da Universidade Federal de
Goiás e da Unitins (TO) e ex-presidente da Academia Goiana de Letras e do Conselho Estadual de Educação